Especial Figueira da Praia da Luz
parece haver uma contradição entre a usual fala "não se passa nada" e a quantidade de ofertas e de actividades disponíveis. por vezes temos a impressão que não deve existir uma pessoa que não tenha uma actividade qualquer, mesmo que seja ela compartilhada por poucas outras ou mesmo apenas individual. a aparente contradição pode residir num hábito de reduzir tudo à negativa - denominador comum habitual - na ânsia de produzir acordos, de não se fazer notar ou de não querer ofender, como tendo opiniões próprias. "não se passa nada", supõe grandes acontecimentos, grandes massas que se juntam, desejando um evento especial, numa permanente versão da vinda de um salvador. parece que é o contrário, a salvação está naqueles que se juntam por afinidades em encontros mais ou menos prolongados, sem muitas responsabilidades de organização, sem pressões, mantendo livre a individualidade, e em que cada um tem a alegria de poder colaborar sem compromissos.
maria de fátima, depois de ter lido o seu sensível e arquetipamente estruturado poema, tem um suspiro de resignação quando francisco castelo lhe despeja para as mãos, para que ela leia, o humor cru algarvio presente no seu bom trabalho que une poesia e etnografia. fez uma edição fotográfica que ofertou aos presentes.
manuela caneco, pintora, foi buscar uma forte obra de antónio nobre, perfeitamente adequada ao momento, e interpretou-a com muito qualidade.
vieira calado, fez referência a um grande poeta algarvio leonel neves, seu primo aliás, que cantou como poucos a terra e as árvores algarvias.( um magnifico poema sobre a alfarrobeira).
cristiano cerol e cândida cerol - nenhuma coisa cultural se passa em lagos, que ele não fique com um registo. ausente, fez de um dia para o outro a informação do acontecimento para a imprensa.
josé francisco e josé policarpo, funcionários da junta de freguesia, para além de terem preparado o espaço tiveram a iniciativa de colocar iluminação, que veio a revelar-se de grande utilidade.
deodato santos, indeciso sobre qual das três produções que fizera, aproveitou-se da sua posição de mestre de cerimónias e leu as três.
pensava-se que não haveria suficientes figos lampos afinal sobraram. graça - esposa do artista alonzo, que neste momento se encontra expondo em nova iorque - e sua amiga adelaide, distribuíram-nos, em cama de folhas de figueira, nos tradicionais cestos de verga.
a artesã helena, da lena.bamboo, teve a acompanha-la e dela tomou conta, a figura que representa a figueira. muita gente afluiu à sua banca apreciando e tirando fotografias, espera-se que tal afluência tenha tido reflexos nas contas do dia.
francisco luz que, com francisco castelo, é um dos administradores do blog lagos.pt,- de cujo espaço partiu a iniciativa -e primo do célebre capitão luz, hoje general, a quem a lagos-artística tanto ficou a dever, conseguiu uma óptima foto de deodato santos lendo, com vieira calado, como sombra tutelar.
a próxima lua cheia irá contar com um grupo de mulheres que se junta para fazer música e que se ofereceu para colaborar.
carlos conceição, conhecido jornalista do correio de lagos, aplaudiu vivamente a prestação de santa-rita que em fim de festa, procedeu, na sua qualidade de presidente da junta, à arrumação das cadeiras.
vieira calado, é de opinião que, a cada edição do encontro, os poetas apresentem novos originais.
a reação e o estar, do apreciável número de pessoas presentes, desmente a corrente ideia que lagos não possui massa crítica para certas formas de cultura menos populares.
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