recantos de lagos XII

quase apeteceria fazer por aqui um brinde pelo número redondo que hoje comemora este recanto do Blog Lagos : uma dúzia deles é bastante, ou nem é que chegue...
e hoje rebobinando cada um dos outros, reparo que no sexto deles já falava em coisas tristes, lixos, desmazelos...
pois acontece que neste que hoje engendro, direi do  desgosto que senti um dia destes no centro histórico da cidade - faço o que posso para ir por lá de vez em quando...amiúde
fiz umas fotos assim como que a minimizar o meu desconforto, e nem pergunto a quem de direito acabar com estes rostos tristes espreitando do passado de nós todos...




assim, por mero acaso, fiz uma diatribe pela cidade, esta tarde, e pasmei de ver como este post tem significado: infelizmente, são demais as casas nas condições que clamo
ficam os exemplos que fotografei


























e que dizer daquele buraco (arco?!) na muralha, velho de tantos anos?!!

Comentários

Mena G disse…
A porta da cima deu uma fotografia excelente depois do encontro de blogueiros de Agosto último. Foi tirada pelo João Menéres e postada por ele nesse mês.
jorge ferreira disse…
Trabalho, frequento, todos os dias, o comércio do Centro Histórico, convivo diariamente com outras pessoas que não abdicam de lá estar ou de lá ir, como convivia com as pessoas da minha aldeia. Ao fim de mais vinte anos desta vivência, sinto ter poder para dizer que o Centro Histórico também sou "eu" ou – melhor - que o Centro Histórico também me pertence. Pelas minhas contas e pelas fotografias que vou recolhendo, mais de quinhentas das suas casas estão abandonadas, a cair ou entaipadas. Na Assembleia Municipal, perante a minha chamada de atenção para que se fizesse alguma coisa para inverter esta situação, uma Senhora Deputada Municipal - angelicalmente aliás, como a sua bela figura o permitia -lá ia dizendo que até havia casas a cair, mas eram de uma grande beleza, caiadas de branco, um encanto de cidade. Para ela, que como eu, é do norte, as cidades são escuras e as casas pouco pintadas, e falta-lhes esta luz que a Sophia M. B. Andressen imortalizou, ficamos deslumbrados com estas casas pintadas e as ruas, geralmente, limpas. Só que a Senhora Deputada não deve conhecer o Largo do Poço, nunca pisou o rendilhado da sua calçada, tantas vezes negro e viscoso, nunca viu o edifício amarelo da da loja dos móveis, nunca viu o matagal em que se transformou o abandonado Auditório e Parque das Freiras. Enfim, às vezes ver o mundo ao contrário pode parecer dar jeito na carreira e temos uma verdade de “Alice no País das Maravilhas”. Porém, o que parece é, e a realidade impõe-se-nos. A nossa cidade - aliás como a Senhora Deputada Municipal o é - é de um encanto insuperável, até na suavidade da sua decadência que, pontuada por esta luz e estas sombras meridionais, torna mais espectrais as suas ruínas e mais fantasmáticas as suas divisões interiores e os seus entulhos. Porque a minha cidade me encanta, gosto de lutar por ela. Mas não há amor sem egoísmo, que não anseia por um sopro de contentamento, um toque, um gesto que entusiasme e o renove. Temo, por isso, o esmorecer e o antecipar da nostalgia de um amor sem futuro!

P.S.:Fátima, posso aproveitar as tuas fotografias para ilustrar um desenvolvimento deste texto?
Estive a pensar na intenção genial de apresentar 3 três fotos no poste "recantos de lagos xii" pois, doze iguala em três vezes o quadrado de dois; e o mesmo estado de espírito estava em "recantos de lagos vi" (embora noutras paisagens) pois, seis é o terceiro numero triangular e a soma de três quadrados (um ao quadrado mais um ao quadrado mais dois ao quadrado). tudo isto postado no dia três, o que é o segundo numero de "Lucas" e um primo de Mersenne (dois ao quadrado menos um, associado com um numero prefeito: seis que iguala dois elevado a dois menos um a multiplicar por dois ao quadrado menos um).
No sentido do desgosto que a autora do post sentiu, ao ver algumas casas degradadas, é menos feliz pois, as cidades vivem de novo de prédios velhos. É esta razão niilista que faz com que as cidades serão modernas e não uma museu das nossas memorias. Penso que o seu post levado a serio pode comprometer a modernidade.
Maria de Fátima disse…
não, Lumiére, de todo!! e antes pelo contrário!!! o que me desgosta é o deixa andar, é deixar que elas (casas, paredes) envelheçamn sem honra e sem graça, janelas entaipadas e os telhados... como dizia um dia destes o nosso comum amigo Jorge Pinheiro, as casas também se abatem, e é uma pena que não haja quem veja que assim é...e decida!
fiz-me entender quanto á modernidade?

Caro Jorge Ferreira
sirva-se à sua vontade e esteja atento porque vou publicar mais umas que fiz esta tarde!
Fátima Santos disse…
e apenas porque é de facto uma grande foto, aqui vai o link da porta de que fal a Mena!
deodato santos disse…
outro destinado à ruína e a criar ruína: o hotel que querem construir no miradouro ( na mira do ouro) da praia da luz. haverá um ponto comum empresarial entre esse projecto e outras ruínas da cidade?
deodato santos disse…
a luminosa maravilha da matemática e dos números.
faça-se então o brinde à autora.
francisco disse…
«A nossa cidade - aliás como a Senhora Deputada Municipal o é - é de um encanto insuperável, até na suavidade da sua decadência...»

Umas decaem suavemente, outras abruptamente, mas a grande verdade é que a gravidade cobra o seu tributo e fá-las decair todas.

;)
jorge ferreira disse…
Francisco não me troques as voltas. Certamente que a única decadência e mas única gravidade com que a nossa bela deputada tem de se preocupar é com as do nosso concelho em geral, e, muito em particular do Centro Histórico. É caso para ela passar a fazer umas visitas à zona do Largo do Poço, sempre lhe posso acompanhar numa visita guiada, no permeio de dois dedos de café.
quer dizer, há uma deputada Municipal com uma fachada à maneira e só agora é que dizem... obrigadinho pá!
Fátima Santos disse…
Lumière, Lumière grandatirada!

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