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Numa aldeia do Algarve

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Numa aldeia do Algarve O Algarve não se circunscreve exclusivamente à orla costeira e suas praias. O Barrocal   (terra do barro e da cal) é uma faixa que atravessa longitudinalmente a província, entre a serra e o litoral. Geologicamente é um espaço reconhecível pelas elevações calcárias denominadas barrocos. Aqui, as vilas e as aldeias são salpicos brancos na paisagem ora verde ora castanha dos campos. No horizonte próximo perfilam-se os contrafortes da serra algarvia, a Oeste a Serra do Espinhaço de Cão e a Serra de Monchique, a Este a Serra do Caldeirão. Na vegetação autóctone predominam amendoeiras, figueiras, azinheiras, alfarrobeiras e arbustos como o zambujeiro e a murta. Nos vales prevalecem as culturas de regadio, particularmente os pomares de laranjeiras. A singularidade da sua formação geológica, das suas espécies vegetais e faunísticas, que condicionam o psicossomatismo dos seus habitantes, conferem a esta porção de território uma identidade própria. A ald...

memórias de uma aldeia que nem foi

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A aldeia é esse sossego feito de silêncios e salve-os Deus ditos a eito. Casas pequenas e bosques e rebanhos, e uma paz tão enorme que se desconfia não estará a preparar-se algum combate. E cuide-se, que mesmo na Aldeia há palavras difíceis de serem ditas de uns a outros. E que sejam bem vindos os que forem chegando.**     Seriam onze horas, mais quarto, menos quarto, manhã clara, sol manhoso por detrás de nuvens cor de algodão em rama, e outras de um cinzento carregado. Prometia um dia fresco em dealbar de Outubro.      Seria minha mãe quem me levava pela mão e atrás o meu pai. E iria por ali o menino que eles diziam ter vindo no bico da cegonha.  Talvez viesse no carrinho, não me lembra.       Íamos de passeio, e disso, eu lembro-me muito bem. Eu, tão pequenina, pedalando o meu triciclo. Levaria o rosto afogueado e nem hoje sei se para onde íamos era aldeia ou seria sítio, ou se nem seria um nem outro, que meus pais dizi...

Avé Maria

avé avé avé Maria avé avé avé Maria Canta a cada quarto o sino da aldeia. Canta acordado toda a noite. Canta a cada quarto de meio dia ou meia noite. E em chegando o aprazado, ele bate: uma duas três quatro. Seja depois do sol a pino ou depois da meia noite. Avisa os em redor, seja preto ou branco, que os há de muitas partes deste mundo nesta aldeia onde o relógio bate as horas de dormir e de acordar. Avisa, depois de rezar à Senhora, cantando: avé avé avé Maria avé avé avé Maria Eu gosto de dormir sabendo que há um relógio que canta aqui ao lado. Eu gosto de acordar com o seu canto e o seu bate certinho: um dois três quatro. Isto no caso de ser quase hora do lanche, mas também assim se for no meio de noite. E gosto de o ouvir com o sol a pique, ardendo, e ele muito certo, lá do alto, cantando o seu Avé à Virgem, à Senhora. Batendo em ritmo arrepiante de preciso e dormente: um, dois três e por aí adiante até perfazer as doze. Gosto de uma aldeia com uma torre e um relógio badalando...