Avé Maria

avé avé
avé Maria
avé avé
avé Maria


Canta a cada quarto o sino da aldeia.
Canta acordado toda a noite.
Canta a cada quarto de meio dia
ou meia noite.

E em chegando o aprazado,
ele bate: uma duas três quatro.
Seja depois do sol a pino
ou depois da meia noite.
Avisa os em redor, seja preto ou branco,
que os há de muitas partes deste mundo
nesta aldeia onde o relógio bate
as horas de dormir e de acordar.
Avisa, depois de rezar à Senhora, cantando:
avé avé
avé Maria
avé avé
avé Maria


Eu gosto de dormir sabendo
que há um relógio que canta aqui ao lado.
Eu gosto de acordar com o seu canto
e o seu bate certinho: um dois três quatro.
Isto no caso de ser quase hora do lanche,
mas também assim se for no meio de noite.

E gosto de o ouvir com o sol a pique, ardendo,
e ele muito certo, lá do alto,
cantando o seu Avé à Virgem, à Senhora.
Batendo em ritmo arrepiante de preciso e dormente:
um, dois três e por aí adiante
até perfazer as doze.

Gosto de uma aldeia com uma torre
e um relógio badalando as horas
e a cada um dos quartos cantando o Avé à Senhora.


É uma alegria encontrar um relógio certo cantando Avés
e sobretudo se é numa aldeia escondida na falda de uma serra
com o mar ali quase a aparecer.

Vou dizer na minha terra que acertem os relógios das torres
para baterem certinhos e cantarem assim como este, a cada quarto.

Recordação de uma aldeia com nome escrito apenas com duas letras: vogal e consoante; ah! e com um acento agudo como no Avé!!


Comentários

éf disse…
O Sino e o Relógio

marcam tempos diferentes
em séculos de disputa
para orientar as gentes
cala-se na torre o sino
o relógio vence a luta
mas é assaz enganado
o tempo traça o destino
e o relógio fica parado

efe.
2008.11.05
Diego disse…
é gostoso mesmo ouvir o som do sino,
Até mesmo por quê o Tic tac incessante do relógio cansa, envelhece.
Mas o som do sino da prazer em saber que vagarosamente as horas passam, fazendo assim com que aproveitemos melhor as horas.
Cöllybry disse…
Gostei muito deste cantinho que não conhecia...Belos versos...

Beijito terno para os Dois

Cõllybry
vieira calado disse…
E a aldeia é...?

Muito interessantes os versos.
Cadinho RoCo disse…
Estes cantos a inundarem de graça aldeias inteiras parecem impregnados na memória das paredes, ruas e traços a criarem rastros em nós.
Cadinho RoCo

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