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A mostrar mensagens de abril, 2007

As Maias

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Dizia a mina avó, que ao raiar do dia, o "Manel" (rapaz honesto e trabalhador) saia de casa a caminho do campo com a enxada às costas. Entretanto a "Maria" (boa rapariga, ciente dos seus deveres e responsabilidades) levava a cantarinha ao poço, a buscar água para as lides domésticas. É aí que se cruzam os dois e logo se tomam de amores, rendidos à magia inexplicável da paixão à primeira vista. Só quando o sol se põe e o enlevo se quebra, se apercebem de que algo importante desse dia ficou por cumprir: a lida do campo do "Manel", as lidas domésticas da "Maria"... Talvez por isso se sinta um certa censura velada a esta paixão campestre, nesta quadra que o povo ainda repete: ....................................... Dia de Maio ....................................... Dia de má ventura ....................................... Mal raiou o dia ....................................... Pôs-se logo noite escura (e mais a minha avó não me contou...) .......

Artistas de lagos

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Anatólio Falé , foi sem dúvida um dos grandes marcos da cultura Nacional. Um Lacobrigens e. Aqui o Corridinho de Lagos, interpretado pelo Grupo Coral de Lagos. carregar em play para ouvir Get Your Own Player!

BÀRLAVENTZÇ

. (…) E foi assim que, naquele princípio de tarde estival, em plena Avenida dos Descobrimentos, um carro parou junto a um nativo – um velho pescador (provavelmente já sem barco, tramado pela (…) balbúrdia que vai pelas europas…), daqueles que logo prendem a atenção pelas feições encarquilhadas, tostadas do sol e dos levantes. O condutor simplesmente perguntou: – Sàgrez ... Sàgrez ?... O bom do marítimo, chegando-se mais ao carro, repetiu, dizendo: – Sagres?... – não fora ele ter entendido mal. Ele que nunca, tampouco, tinha aprendido o que quer que fosse do celebrado inglês de praia. – Yes, Sàgrez – repetiu o estrangeiro. – Ná qu’ enganar! – apontou para a estrada e para as bandas de poente, levantando e baixando várias vezes a mão esclarecedora, como que a galgar a estrada. – Bàrlaventzç, bàrlaventzç... bàrlaventzç... bàrlaventzç... bàrlaventzç... bàrlaventzç... bàrlaventzç... Sàgrez !... E então não é que os ingleses chegaram a Sagres, sem necessitar de pedir mais informações! Em E

Foi no Domigo

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Serão as palavras sustento? Eu não sei. Mas sei que são alento. Sei. Que palavras dizer? E para quê? Pois ou são de escrever Ou vão-se, com o vento. F.Castelo

FRAGMENTO

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Este fragmento pertence a um postal antigo, do princípio dos anos 40. Aparentemente parece não ter nada de particular. No entanto, o verso, a parte ilustrada, trás uma revelação interessante. De notar que foi impresso na Tipografia Lacobrigense , ainda hoje exitente e que foi publicado pelo Café Portugal , infelizmente já desaparecido. O resto da história virá a lume, um destes dias, da parte dum outro colaborador deste blog . Mas aproveitei o ensejo e decidi informar-me um pouco mais, sobre postais ilustrados. Fiquei a saber que para comemorar o 5º centenário do Nascimento do Infante D. Henrique, em 1894, foi posto a circular o primeiro postal ilustrado. A impressão foi feita em cartolina camurça, cor rosa velho. Ao contrário do que hoje acontece, o endereço devia ser escrito na parte ilustrada do postal. Aí estava uma gravura representando o Infante, junto de alguns símbolos marítimos, relacionados com as Descobertas. Todo o verso servia para escrever o texto. Já trazia afixada uma t

mas, palavras para quê?

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nostalgia

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foto by: Francisco Castelo A minha terra é branca Branca do sol e das casas Branca de muita cor A minha terra tem o mar e as canastras de peixe e as gaivotas dançando e muito céu azul e brilho de luar A minha terra e o mar Mar mansinho Mar de borrifos Mar azul verdinho Um mar que lambe a areia devagarinho a minha terra amando sorrindo sem pudor. Na minha terra há uma praia uma praia grande um tapete de areia branca uma poeira de estrelas derramada ali por algum anjo. Se passares ao fim da tarde quando o sol se esconde quando ele matiza a duna à hora dos talheres soando nas casas da cidade nesse intervalo que nem tempo tem em que o ar cheira a salgado respirarás os raios de sol os que sobram os que ainda fazem azul o mar pisarás na areia na maré-vasa, o sal pelo mar deixado na maré-alta, o morno de sol acumulado. A minha terra começará a piscar luzinhas a cumprimentar-te. A minha terra é branca Tem uma praia feita de pó de estrelas É nessa praia que o mar se aconchega É nela q

O FOLAR DA PÁSCOA

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Os ovos da Páscoa estão associados a ritos antigos, simbolizando a fertilidade, representada na Grécia pela deusa Persefone e em Roma pela equivalente deusa Ceres. Essa celebração tinha lugar nas imediações do equinócio da Primavera. Esse costume, provavelmente, tem as suas raízes em povos ainda mais remotos, da antiguidade, persas e egípcios. Os ovos eram pintados com cores alegres, pois simbolizavam o nascimento. Os próprios persas acreditavam que a Terra tivera o seu início num ovo gigante. Mais tarde, os cristãos do oriente, dando continuidade a esses velhos ritos, nos inícios do cristianismo, terão sido os primeiros a ofertar ovos coloridos, pela Páscoa. Ela anuncia a transição do tempo das trevas , a Quaresma, para o tempo da claridade , a Páscoa - a ressurreição, o início duma nova vida. Nesses tempos, os ovos eram apenas um presente decorativo, para simbolizar a ressurreição e o nascimento para uma nova vida. Não serviam para comer. Em Portugal, a Páscoa surge associada às am

FELIZ PÁSCOA

Andei pensando em como havia de fazer um post que fosse desta época e falasse de Lagos e lembrei-me da minha tia Constança que nesta altura do ano nos presenteava, na casa onde morávamos, ali à rua da Oliveira, com uns folares que ela amassava em alguidar de barro secundada por minha mãe que, ao que me lembro, mais não fazia que fornecer ingredientes que eram, além dos ovos e farinha, leite, que a minha tia gostava deles fofos e apaladados do leite que, ao tempo a que reporta a lembrança que vos deixo, não se vendia em pacotes, mas vinha da vaca do Senhor (o nome é que não me lembro) e era trazido à porta e medido para a cafeteira que a minha mãe levava (que era, sim, um fervedor com tampa de buracos, agora me recordo!). Bem amassada a massa, dormiam os futuros folares, toda a tarde, embrulhados em mantas depois de bentos, com cruz traçada sobre aqueles montes brancos que pareciam cús de gente, diziam elas entre dentes sorrindo que eu bem as ouvia, eu que mal me passava uma cabeça de s