As Maias
Dizia a mina avó, que ao raiar do dia, o "Manel" (rapaz honesto e trabalhador) saia de casa a caminho do campo com a enxada às costas.
Entretanto a "Maria" (boa rapariga, ciente dos seus deveres e responsabilidades) levava a cantarinha ao poço, a buscar água para as lides domésticas.
É aí que se cruzam os dois e logo se tomam de amores, rendidos à magia inexplicável da paixão à primeira vista.
Só quando o sol se põe e o enlevo se quebra, se apercebem de que algo importante desse dia ficou por cumprir: a lida do campo do "Manel", as lidas domésticas da "Maria"...
Talvez por isso se sinta um certa censura velada a esta paixão campestre, nesta quadra que o povo ainda repete:
Entretanto a "Maria" (boa rapariga, ciente dos seus deveres e responsabilidades) levava a cantarinha ao poço, a buscar água para as lides domésticas.
É aí que se cruzam os dois e logo se tomam de amores, rendidos à magia inexplicável da paixão à primeira vista.
Só quando o sol se põe e o enlevo se quebra, se apercebem de que algo importante desse dia ficou por cumprir: a lida do campo do "Manel", as lidas domésticas da "Maria"...
Talvez por isso se sinta um certa censura velada a esta paixão campestre, nesta quadra que o povo ainda repete:
.......................................Dia de Maio
.......................................Dia de má ventura
.......................................Mal raiou o dia
.......................................Pôs-se logo noite escura
(e mais a minha avó não me contou...)
.................
De manhã bem cedinho
Sai o Manel a trabalhar
Sem saber que o destino
Lhe tece outro madrugar
À mesma hora, a Maria,
Cantarinha na cintura,
Apressa o passo no caminho
Até à fonte de água pura.
Cruzam-se os passos no caminho
E os olhos no olhar.
O espaço pára no tempo,
O tempo suspende-se no ar.
E naquele momento de magia
Que não se fez anunciar,
O Manel encanta a Maria,
A Maria deixa-se encantar.
Quedam-se os dois na conversa
Dia fora, a namorar.
As horas passam depressa,
O dia morre devagar.
Veste-se de encantos a lua
Na hora de regressar:
A Maria não foi à fonte,
O Manel não foi trabalhar...
Comentários
Um abraço da sonhadora
fazem lembrar-me, pequena
bonecos com qu'eu brincava
cheios com palha amarela
Minha mãe os preparava
lindos, de caras pintadas
elas de saias garridas
eles de lenço apertado
Sentadas a uma mesa
encostados à janela
as Maias e mai´los Maios
bebiam sempre uma "rolha"