Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta memórias da Rua da Aldeia

Uma aldeia na cidade

Imagem
Uma aldeia na cidade É uma aldeia pequena Que nem limites tem Onde começa ou acaba Nem se percebe bem Rua da Aldeia, a principal E uma ou outra encostada Aqui descansa o pessoal Entre noitinha e alvorada A luz do Sol reflectida Pinta sombras da vida Da gente bela ou feia Que vive na alva aldeia Sendo operário ou pescador Um fabrica, o outro mareia Porém, não vive cá doutor Nas casinhas desta aldeia Uuii… apita a sirene urgente Num bramido de alvoroço É meio-dia, vem aí gente Correm lestos pró almoço A seguir chegam os do mar C’o balde enfiado no braço Trazem peixe pró jantar E prá enxerga, o cansaço Os outros vêm à tardinha Dando alpista ao canário Cá em casa isso é diário E igual em casa vizinha À noite toca o leiteiro É ciclista, é um atleta No campo dá leite a vaca Na aldeia, é a bicicleta E quando chega o Verão E na rua passam turistas À janela, nós, de espreitão Apreciamos bem as vistas

Carro de cana

Imagem
Era uma rua feita de barro e terra. Pedras rolantes, ladeira abaixo. Era uma rua com trilhos serpenteantes, feitos dos nossos pés descalços. Era uma rua de brincar, onde se vivia. Com a sirene do peixe soando ao meio-dia e o cheiro da sardinha fresca nos dedos delas e as tamancas repletas de escamas brilhantes. Era uma rua feita de barro e terra e mercearias e rebuçados de mel. Era uma rua de brincar, onde se vivia. Na rua ao lado vivia o mar, na babuja do estaleiro. Eles, no sol da tarde, esticando as redes na avenida desenleando limos, de navete tecendo buracos e atirando à malta as bóias velhas, quando a cortiça delas já morria. A alma dos carrinhos de cana! Era isso que a malta queria! Os “ pneus ”, encaixados com arames, fortes e folgados, a dar “ direcção ”. O “ volante ”, ajustado no nó de crescimento da cana, permitindo curvas. E descíamos ladeira abaixo serpenteando, trilhando, voando, conduzindo o carro mais importante do mundo! Era uma rua feita de barro e terra e mercearias