Uma aldeia na cidade
Uma aldeia na cidade
É uma aldeia pequena
Que nem limites tem
Onde começa ou acaba
Nem se percebe bem
Rua da Aldeia, a principal
E uma ou outra encostada
Aqui descansa o pessoal
Entre noitinha e alvorada
A luz do Sol reflectida
Pinta sombras da vida
Da gente bela ou feia
Que vive na alva aldeia
Sendo operário ou pescador
Um fabrica, o outro mareia
Porém, não vive cá doutor
Nas casinhas desta aldeia
Uuii… apita a sirene urgente
Num bramido de alvoroço
É meio-dia, vem aí gente
Correm lestos pró almoço
A seguir chegam os do mar
C’o balde enfiado no braço
Trazem peixe pró jantar
E prá enxerga, o cansaço
Os outros vêm à tardinha
Dando alpista ao canário
Cá em casa isso é diário
E igual em casa vizinha
À noite toca o leiteiro
É ciclista, é um atleta
No campo dá leite a vaca
Na aldeia, é a bicicleta
E quando chega o Verão
E na rua passam turistas
À janela, nós, de espreitão
Apreciamos bem as vistas
Nesta aldeia todos são
Gente viva e divertida
Que passada a discussão
Jamais fica aborrecida
É simples a minha aldeia
Mas é terra de Verdade
Aqui ninguém se chateia
Nesta aldeia, desta cidade.
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