Apresentação da Freguesia Baram de Sam Joam

autor -  Domingos Pestana


I CONGRESSO DAS ALDEIAS DO ALGARVE

 Apresentação da Freguesia Baram de Sam Joam



I. Território
II. História
III. Heráldica
IV. Paisagem
V. Costumes
VI. Gentes
VII. Cultura
VIII. Touristes
IX. Conclusões
X. Bibliografia
          XI. Agradecimentos



I. Território

Este pequeno território com cerca de 53,500 Km2, é ali delimitado pelo mar, aqui pela serra, além por cursos de água. No sul de Portugal esta freguesia do concelho de Lagos, situada no seu extremo noroeste e em tempos conhecida como Baram de Sam Joam Baptista, englobava Budens, Barão de São Miguel e Almádena.



II. História

O registo do título nobre remonta ao séc. XVII, detendo então o povoado várias Confrarias e Mordomias. Por aqui ficaram estórias e obras absorvidas e refundadas por descendentes de outros povos como os romanos, os visigódos e os muçulmanos (conhecidos como mouros) que calcorrearam e povoaram esta terra até as régias cortes se instalarem. Ficaram pelos livros alguns episódios dos cantos e rectas das extremas ao que nunca se apelidou o Condado de Barão, sabidos como notícia pós terramoto de 1755, que arrasou literalmente o litoral barlaventino com negativa repercussão na mortandade e devastação de casas e bens, responsável pelo declínio socio-económico desta parcela territorial, de que “Memórias Paroquiais das Freguesias do Concelho de Lagos” pela letra de Fernando Calapés Correa, nos deu conhecimento à inquirição do então bispo do Algarve, e que abaixo se reproduz.   








III. Heráldica

Composição da ordenação heráldica
Brasão: Escudo de verde, Agnus Dei de prata, com um lábaro de mesmo, hasteado de ouro e carregado de uma cruz firmada, de vermelho; em chefe, coronel de barão, de ouro, com suas pérolas e rubis, coroa mural de prata de três torres, listel branco com a legenda a negro: “BARÃO DE SÃO JOÃO
Bandeira: Branca, cordão e borlas de prata e verde, haste e lança de ouro.
Selo: Nos termos da lei, com a legenda: Junta de Freguesia de Barão de São João – Lagos

Interpretação da Ordenação Heráldica
- A existência do Agnus Dei (cordeiro de Deus) relaciona-se com o orago da Freguesia que a titula sob o ponto de vista religioso e que é representada por São João Baptista com o cordeiro, imagem difundida a partir da Idade Média e que se associa à criação da Freguesia desde os tempos em que a mesma detinha acentuado carácter administrativo e religioso, até à sua passagem para Freguesia Civil após a implantação da Républica em 1910.     
- A inclusão do coronel de Barão relaciona-se, como sabemos, a um título nobiliárquico que entra no domínio da titularidade atribuida pelos nossos reis e rainhas desde a segunda metade do século XV.
- Os restantes dados ligam-se com o uso da Bandeira e o Selo Branco que a Junta de Freguesia passa a deter para a identificação interna e externa.
- A mensão dos cromatismos existentes na Ordenação Heráldica constituem atribuições provindas desta Ciência Histórica (a Heráldica), que possui as suas regras específicas, embora e sem analogias próprias, possamos observar que a presença do verde no escudo se relacionará com as características da nossa Freguesia, isto é ser uma Freguesia Rural. Contudo, o uso do cromatismo verde na Heráldica, constitui um dos metais mais nobres utilizados.                   


IV. Paisagem

A ruralidade marca os aspectos envolventes da povoação. A lavoura transporta-nos a outros tempos. Uma nora com os seus alcatruzes reluzentes deixa escorrer a água, escutando-se até o ranger dos velhos engenhos metálicos, com o burrinho envelhecido por cangas passadas, repisa o círculo em redor do poço com os seus eternos entrolhos. Além no alto do monte, o moinho com as velas desfraldadas ao vento suão, movimenta as enormes mós sobrepostas, no constante movimento de rotação, comprimindo os grãos que vão caindo transformados em farinha amarelada para dentro de uma caixa de madeira em forma de pirâmide invertida. Momentaneamente o frenezim amaina e as velas triangulares descaídas como panos inertes, interrompem a moagem anunciando a ausência do vento. Não longe, vê-se uma casa de um branco imaculado de um só piso, com a porta centrada entre duas janelas orlada de amarelo-torrado que lhe confere uma vivacidade de eterna primavera. Ali a horta ornamentada pelos tons verdes de couves, alfaces, feijão-verde, batateiras e outros legumes que vão lentamente crescendo. Depois os nossos olhos repousam num terreno pouco acidentado onde surgem alfarrobeiras, figueiras e amendoeiras.

V. Costumes

Os hábitos campesinos são distintos de outros locais, iniciando-se o labor diário com a alvorada, normalmente antes do nascer do Sol, soltar os animais da ramada, regar cavar, semear, podar, apanhar a azeitona, vindimar. A hortelã e também dona de casa entre outras tarefas afadiga-se a cozinhar, colocando a panela de barro junto á lareira ou um tacho de esmalte sobre a trempe, diversas receitas: griséus com arroz, favas com enchidos, lentilhas com massa, favas à algarvia, sopas de pão e de legumes, papas de milho e de trigo; também muito apreciado são os enchidos, o chouriço, a linguiça, uma fatia de toucinho retirado da salgadeira ou presunto pendurado no teto do recanto do poial, que servem de conduto no pão que por vezes faz uma refeição; raramente entra na dieta um naco de porco conservado na banha corada, uma galinha, um pato. O que nunca faltava era o saboroso pão amassado pela manhã e cozido no forno de lenha, tudo aconchegado com um copo de vinho, produzido na adega da região. Pela noite no quarto que fica paredes meias com o forno, o cheiro da lamparina acesa, perdura nos anais das memórias de quem os viveu.  


VI. Gentes

As pessoas usam por norma a mesma vestimenta; ele traja calças, colete, jaqueta e um barrete ou um chapéu enfiado na cabeça para protecção tanto do frio como do calor e ela usa uma saia rodada abaixo do joelho, corpete por cima de camisa larga, um xaile em dias cinzentos, um lenço colorido, chapéu e tamancos. Os ofícios são variados, o feitor é o rendeiro que admnistra bens; o hortelão cultiva as terras do lavrador e o seu almocreve conduz as bestas de carga, dirigindo-se à casa do estalajadeiro que dá asilo a quem vindo de fora necessita de cama e comida, como o mercador que comercializa panos e roupas; o boticário que ocasionalmente visita o povoado, vem na sua charrete puxada por vistoso e engalanado cavalo e transporta sempre consigo a mala com os preparados medicamentosos, a parteira que assiste aos partos, alivia mulheres no nascimento das crianças, para que um dia as ocupações de alabardeiro, alfaiate, barbeiro, carpinteiro, ferrador, moleiro, oleiro, pedreiro, serralheiro, tanoeiro e outros para que não se percam esses tarefas, esforçando-se todos para que o progresso consiga fixar as pessoas e a população ultrapasse um milhar num próximo futuro e os cerca de seiscentos fogos fiquem sempre habitados.

VII. Cultura 
     
Antes os Dias Santos, as Festas do Santo Padroeiro, a Procissão, a Romaria, a Feira, o Baile, os Jogos eram ocasiões aproveitadas e respeitadas pelo povo. As famílias, amigos e vizinhos, auferiam da pausa saboreando-a. Por ocasião da ceifa e da desfolhada esta tina lugar cativo na eira, cantando-se ao desafio e dançando ao som de acordeão, alegrando o espirito e oferecendo oportunidades aos jovens para namoriscar. Como o progresso invade tudo e todos, a chegada da energia eléctrica foi motivo de festa e de enormes alterações no quotidiano; recentemente o assenhorar por parte das novas tecnologias de informação e comunicação da Aldeia de Barão de São João onde jóvens e outros cavalgaram essa vaga utilizando-a para se exprimirem. Actividades recentes como a inauguração do Passeio do Poeta Leonel Neves, onde uma duzia de poemas gravados em pedra perdura. Esculturas e Pinturas saídas de artistas e escultores, que ganham vida ao som de um acordeão imaginário dançando o “Baile da Desfolhada” e outras em passeio virtual passeando-se pelas ruas da terra, como a de “Sebastião Murtinheira” e “José Carlos Vasques” perpetuando recordação da local Lusitânia especimém. Nos últimos dois anos acontece uma vez por mês, por iniciativa de poetas e prosadores “Os Diálogos Lidos” que foram precedidos pelos “Contos em Barão” inicialmente no Café Bzaranhas que encerrou motivado pela crise, sendo o convívio retomado no Café-Bar Atabai.
 Uma nota musical para a Academia de Música de Lagos, ouvindo-se “Duas Guitarras” que nos enternecem com acordes escutados no Centro Cultural de Barão no programa inserido na Inauguração do Passeio dos Poetas.
Dignos de visita para além do referido Centro Cultural quando em actividade, temos o Fontanário, a Igreja do séc. XVII, o Polidesportivo, o Correio, o Posto Médico, o Zoo de Lagos, a Associação de Guitarras, a Associação de Moradores.
Realiza-se anualmente a Feira do Folar e Festa de São João Baptista, marcas da identidade aldeã.

VIII. Touristes

Situada na encruzilhada final do extremo Sul do Continente Europeu, a aldeia potencia diversos roteiros por estrada e caminhos de azimutes variados, onde uma caminhada, o pedalar numa bicicleta, o montar um burro, uma égua, um cavalo, numa simbiose perfeita com a nossa ancestralidade, interagindo com a natureza, na visita a moinhos, a campos, a hortas, à Mata Nacional, à Igreja, descobrindo quietudes ambientais no Zoo, finalizando com degustações da gastronomia local no restaurante Dona Maria, no Cangalho, Café-Bar Atabai, entre outros.

IX. Conclusões

Que a Baram de Sam Joam, pela sua honrada gesta deva ser recordada e interpretada pelas gerações vindouras, preservando a sua imagem e rica paisagem, os campestres costumes e que a sua gente inserida neste tempo de modernidade tecnológica renove e preserve, interligando culturas, adaptando-as à mudança intemporal, que ventos inter-continentais bafejam raças e credos de outras latitudes e meridianos, os touristes assim então intítulados no dealbar do séc. XX pelos marítimos além e aqui pelos das serranias. A Aldeia da Senhora do Forte perpetuada no I Congresso das Aldeias do Algarve, encerra assim duas décadas de vida, engrandecendo o Museu Municipal de Lagos, dr. José Formozinho.


X. Bibliografia

Fontes Setecentistas para a História de Lagos, Centro de Estudos Gil Eanes;
Lagos Cidade, Subsídios para uma Monografia de Mário Cardo;
O Infante Dom Henrique no Algarve, Alberto Iria;
Lagos séc. XVII e XX, Recolha Onomástica, Glória Marreiros
Algarve Rural, Museu Etnográfico de Espiche, A.M. Cristiano Cerol
                                                                                             
XI. Agradecimentos

António Manuel Cristiano Cerol
Alberto Costa
Deodato Santos
Bruna Melia
Francisco Roxo
João Bandarra
Joaquim Galvão
José de Jesus Figueiras Gomes
José Vieira Calado
Paulo Galvão
Pedro Reis


                                                                                                     Domingos Pestana

                                                                                                   Lagos 7 de Junho de 2013

Comentários

vieira calado disse…
E mai nada!
Assim é que se enxofra!...
Abraço!
vieira calado disse…
Perdão. Eu queria dizer enxòfra...
Evanir disse…
Olá ..
Bom Dia Poeta Amigo.
Sentindo bastante , que você esta ausente vim te deixar meu carinho e admiração de sempre.
uma excelente semana abraços,Evanir

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