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... ver o passaredo ...

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Desde que cheguei a Lagos que me fascinam as aves que por cá descobri. E uma coisa é vê-las nos livros, em gravuras ou fotografias (prefiro as gravuras, de longe), outra, completamente diferente é vê-las à frente dos nossos olhos, permeadas pelo pára-brisas ou apenas filtradas pelo olhar vestido apenas de ajustamento optométrico. Gaivotas, conhecia eu muitas. Claro. À semelhança dos pombos e dos pardais, acompanhando o grau de enraivecimento, proporcionalmente, a dimensão dos produtos de suas largadas voadoras, também as gaivotas vieram engrossar as hostes de pragas urbanas. Mas, mesmo assim, as gaivotas de Lagos tiveram desde logo um significado muito próprio para mim, o branco das penas fundindo-se com o branco das paredes do rendilhado das ruas e das casas, a mancha vermelha na parte inferior do bico amarelo um toque de vida e cor a lembrar que há naturezas indomáveis que se libertam, livres, livrando-se mesmo de nós ou de nós escarnecendo nos gritos lancinantes com que rasgam a noi

Nossa Senhora da Piedade

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já nem o marco existe uma onda mais um esboroar no dia certo caíu deixou de ver-se o local onde em romaria rezava o povo na ermida a Senhora da Piedade assim chamada ficou desalojada Tem lugar cativo na Igreja a minha a que me deitou água de Baptismo a de Santa Maria

PRAÇA DA CÂMARA

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Lagos Ontem # 3 Clique para melhor ler o poema. ...... Trata-se da praça nobre da cidade, onde estão instalados os Paços do Concelho e que se denomina Praça Gil Eanes. Por incongruência toponímica está lá colocada a estátua de D. Sebastião (que elevou Lagos a cidade, em 1573), sendo hoje um ex-libris . Anteriormente chamada "Praça do Cano", porque o cano abastecedor da água das bicas e do chafariz existentes em frente do edifício da Câmara, nela desembocava. Bicas (ou chafariz) que terão deixado de lá existir, por volta de 1930/32, mas que antes disso terão sofrido algumas transformações, como se pode verificar por postais mais antigos, sendo curioso notar a azáfama dos moradores da cidade, no enchimento de cântaros e pipas transportados por carros-de-mão, burros e carroças. Após a regularização do piso da praça, foi colocado do lado norte do edifício da Câmara, uma bica em ferro forjado – com alguma elegância visual – que continuou servindo para abastecimento público. O poem

Obrigado!

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Devo um pedido de desculpas e um agradecimento muito especial ao grupo de amigos que me convidou para este blogue. Um pedido de desculpas porque, sendo convidado para aqui participar - o que tenho feito menos do que talvez devesse - mantive este blogue "à mostra" no meu perfil enquanto, repensando, escondia o meu... Para quem não gosta de anonimatos, também não foi assim muito bonito, cada um tirará as conclusões sobre os seres e as formas como se vão por aí comportando, (L)arions incluídos... O agradecimento é o mínimo que posso expressar por se terem comportado de uma forma bem mais adulta do que o autor destas palavras, sobretudo ao demonstrarem a amizade que vão tendo por mim, manifesta das mais variadas formas! Obrigado por tudo, mas, sobretudo, por contribuirem para atenuar esta solidão! Estendo o agradecimento, como não podia deixar de ser, aos bloguistas que neste espaço (e por outros meios) me procuraram. A todos, Bem hajam! .

Praia de S. Roque

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Esta terra é linda de qualquer ângulo, a cores ou preto e branco, com muitos bites, baites ou bitaites. Esta terra é um espanto. Às vezes, muitas, olho-a de longe, tento mirá-la como se chegasse, emigrante ou afastado em compras ou trabalho, ou mesmo viajante. E fico, de modo diverso do que é o dia a dia, extasiada: descubro-lhe nervuras, recantos, pregas escondidas bem cheirosas, um rosto, uma luminosidade que não tinha visto, um chão que não tinha sentado: húmido de maresia ou quente do sol ao fim da tarde. Mas onde ando eu apenas para dizer que estava farta de sopa?!... era apenas isto o que queria ter escrito: Farta de sopa, inda mais de nenúfares, vi-me compelida e colocar neste espaço algo bonito .

Namoro

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Entornas-te na ribeira Miras-te Debruças-te Namoras Buscas na água que corre O redondo vaidoso da baía O branco descabelado ao vento Norte da areia preguiçosa A praia longa e luminosa Ai menina cidade Ai menina Tiraram-te a ribeira para longe Cresceram-te Adornaram-te de envoltos Mas a praia e o côncavo O desejado contorno da baía Ficou-te sempre longe.

Lagos podia ser um poema cubista?

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Cinco Horas Minha mesa no Café, Quero-lhe tanto... A garrida Toda de pedra brunida Que linda e que fresca é! Um sifão verdade no meio E, ao seu lado, a fosforeira Diante ao meu copo cheio Duma bebida ligeira. (Eu bani sempre os licores Que acho pouco ornamentais: Os xaropes têm cores Mais vivas e mais brutais). Mário de Sá-Carneiro

da cabeça aos pés

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para metafísicas reflexões, teorias de subjugações, e notórias ornamentações de cabeças masculinas ou outras perversidades femininas. ;D

dúvidas

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E nem eram dez horas. Vinte e duas, preciso. Nem se esvaziara, triste, a garrafita de tinto. Triste por mal amada: passada de mão em mão, sem nem olhá-la, sem lhe saborearem, no devido gustativo, o paladar. Comiam em garfadas comedidas, um ensopado de duas enguias, meia dúzia de sardinhas e umas postitas de safio, ainda menino, a ver pela grossura da posta cozida em caldo apaladado. Gostoso o molho. E em quantidade, de molde a cobrir, uma, duas, e houve quem alinhasse três fatias, do pão torrado, no prato . E havia as batatinhas com casca. Batatas gostosas nadando, despeladas pelos dedos de uns, que os houve, ou por outros, mais delicados, em golpes certinhos da faca e do garfo. E as batatitas aguardavam na travessa que as colocassem, despidas, no molho da caldeirada. Ou ensopado, como vos aprouver. Eram menos da dúzia, os comensais em volta do repasto num jantar banal (disse blogal?!) e nem eram dadas as dez, e na travessa sobravam batatas com casquinha, batatas ainda não peladas, esp

PRAÇA DA PALMEIRA

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.................................... A cidade organiza-se por cima da cidade: ....................................... uma pedra sobre uma pedra, uma ideia ....................................... incansável, no interior dum ovo prestes. ....................................... Organiza-se como um vulcão oculto ....................................... num colo de mulher, ou uma rosa ....................................... nos lábios, para um festejo obstinado. ....................................... Arde devagar, depois das chuvas ....................................... e regenera o sangue, as reminiscências ....................................... doutras incansáveis viagens adiadas. ....................................... Mantém a mesma nobreza de paisagem ...................................... ardida por vento demolidor, suspenso .................................... .. de memórias para a veneração dum lar. . ................................................ Vieira Calado .................

BroSam

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pommes de terre au vin rouge

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Pour 4 personne(s) 1,5 kg de pommes de terre (charlotte) 1 bouteille de vin rouge De l'eau 2 oignons 1 cuillère à soupe de farine 1 cuillère à soupe d'huile Quelques brins de thym et de romarin sel, poivre Preparation Emincer les oignons. Dans un faitout faire fondre les oignons dans l'huile. Eplucher et couper en rondelles les pommes de terre. Ajouter les pommes de terre dans le faitout. Mettre la farine, tourner, ajouter le vin et l'eau. Il faut que les pommes de terre soient couverte de liquide. La proportion eau/vin est à votre convenance (sans abuser bien sûr !). Mener à ébulition puis laisser cuire à feux doux 1h, en remuant de temps en temps. A mi-cuisson ajouter les arômates. • Calories totales de la recette : 1110 kcal • Calories : 277.5 kcal par personne • Lipides : 0 g par personne • Protéines : 3.5 g par personne • Glucides : 43.75 g par personne et voilá

FRAGMENTO II

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(frente do postal apresentado em: FRAGMENTO ) Mostremos, então, a face ilustrada deste fragmento, retalho de um passado que, de certo modo, também me pertence. Em pose, perfilam cinco artistas; à sua frente, cinco instrumentos musicais dispostos segundo o sentido estético do fotografo da época. É, de origem, um postal que servia para publicitar esta banda, que actuava em casamentos, batizados, bailes. Legendemos a imagem, da esquerda para direita: João Luis Rodrigues , saxofonista; usava óculos; era o chefe da banda. Zé Cravinho , violinista; barbeiro de profissão, na Rua Direita; não fazia parte integrante do grupo, mas colaborava sempre que a dimensão do evento o justificava. Florindo Coelho , trompetista; o único que conheço e me facilitou a informação sobre o postal. Inácio , acordeonista; cedo na vida teve problemas de saúde; perdeu uma perna; morreu cedo. João Fulana , baterista; alfaiate de profissão, às vezes, quando não podia actuar, era substituído por Zé "Cai'Log &

velhas navegações

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Lembras-te, Francisco? Lembras-te de quando reuníamos a trupe de vizinhos dos Montes da Areia e da Rua da Aldeia e, cavalgando e empunhando paus de vassoura - cavalo e espada - percorríamos em formação de combate o rossio de S. João tentando desmontar o inimigo? E de quando disputávamos o campeonato nacional de hóquei, com patins e tacos de fabrico artesanal, sem nunca sair da aldeia, sem treinadores nem repórteres? E lembras-te das viagens feitas na carcaça do velho Peugeot, de pé sobre os bancos porque as pulgas e os eventuais percevejos nos assustavam um pouco? E as travessias oceânicas numa caixa de madeira de metro e meio por noventa, desde o cais até à Ponta da Piedade? Lembras-te disso? E como era gratificante pular de barco em barco, no rio, ou no cais quando chegavam as enviadas com sardinha e carapau. Que navegações magníficas fazíamos nesses tempos. Mas era nos barcos varados no braço de rio, no acesso ao estaleiro, que viajávamos em paquetes que num só dia iam e vinham aos

LAGOS ONTEM

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Chegou

Chegou de repente Sem pé ante pé nem mais que isso como deixando lã derramando vestes desnudando corpos A brisa nem sopra nem se dobra cana nem se enfuna vela o mar é liso chegou sem medir o quanto De repente nem tempera a calma instalou-se e pronto sem anúncio sem nenhum aviso Volta-se em sorriso beija sem decoro no pescoço num adeus de choro a Primavera (caem sobre a areia umas quentes pingas - Chuva de verão! dizem)

A primeira vez

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Lembro-me muito bem de onde estava e de como soube que a minha vida futura se faria em Lagos. Estava-se em 1994 e corria o mês de Maio – acho que ainda era Maio – e os resultados da primeira parte do concurso de professores estavam para sair por esses dias. Era um intervalo entre aulas na já extinta Escola Secundária Ana de Castro Osório em Setúbal e alguém entrou dizendo que os resultados já tinham saído. Era um tempo em que ainda se conseguia “efectivar”, e, pasme-se, pedir destacamentos para escolas das zonas onde se vivesse ou para onde se quisesse mudar, se fosse esse o caso. Penso que a primeira coisa que me veio à cabeça foi o ter dito várias vezes ao longo desse ano lectivo que, caso fosse à beira-mar o local onde ficasse colocado, aceitaria o lugar e me mudaria para lá. De imediato me dirigi à secretaria a saber do meu veredicto: uma das duas escolas secundárias existentes em Lagos, a 17.ª de entre as cinquenta que havia enumerado no boletim de concurso. Lembro-me de ter dito

As Maias

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Dizia a mina avó, que ao raiar do dia, o "Manel" (rapaz honesto e trabalhador) saia de casa a caminho do campo com a enxada às costas. Entretanto a "Maria" (boa rapariga, ciente dos seus deveres e responsabilidades) levava a cantarinha ao poço, a buscar água para as lides domésticas. É aí que se cruzam os dois e logo se tomam de amores, rendidos à magia inexplicável da paixão à primeira vista. Só quando o sol se põe e o enlevo se quebra, se apercebem de que algo importante desse dia ficou por cumprir: a lida do campo do "Manel", as lidas domésticas da "Maria"... Talvez por isso se sinta um certa censura velada a esta paixão campestre, nesta quadra que o povo ainda repete: ....................................... Dia de Maio ....................................... Dia de má ventura ....................................... Mal raiou o dia ....................................... Pôs-se logo noite escura (e mais a minha avó não me contou...) .......

Artistas de lagos

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Anatólio Falé , foi sem dúvida um dos grandes marcos da cultura Nacional. Um Lacobrigens e. Aqui o Corridinho de Lagos, interpretado pelo Grupo Coral de Lagos. carregar em play para ouvir Get Your Own Player!

BÀRLAVENTZÇ

. (…) E foi assim que, naquele princípio de tarde estival, em plena Avenida dos Descobrimentos, um carro parou junto a um nativo – um velho pescador (provavelmente já sem barco, tramado pela (…) balbúrdia que vai pelas europas…), daqueles que logo prendem a atenção pelas feições encarquilhadas, tostadas do sol e dos levantes. O condutor simplesmente perguntou: – Sàgrez ... Sàgrez ?... O bom do marítimo, chegando-se mais ao carro, repetiu, dizendo: – Sagres?... – não fora ele ter entendido mal. Ele que nunca, tampouco, tinha aprendido o que quer que fosse do celebrado inglês de praia. – Yes, Sàgrez – repetiu o estrangeiro. – Ná qu’ enganar! – apontou para a estrada e para as bandas de poente, levantando e baixando várias vezes a mão esclarecedora, como que a galgar a estrada. – Bàrlaventzç, bàrlaventzç... bàrlaventzç... bàrlaventzç... bàrlaventzç... bàrlaventzç... bàrlaventzç... Sàgrez !... E então não é que os ingleses chegaram a Sagres, sem necessitar de pedir mais informações! Em E