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Condelipas

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Se há livros que convictamente trouxe de casa dos meus pais quando vim para Lagos, foram os dois volumes do Dicionário Lello Universal. Não pelo conteúdo, que, mesmo nos tempos em que estava “actualizado”, deixava muito a desejar, mas, sim, pelas ilustrações. Encontrando-me a folhear o segundo volume do referido dicionário, como muitas vezes faço, ao acaso, deparei, também acidentalmente, com uma entrada que, antes, não havia ainda chamado a minha atenção, a referente ao Conde de Lippe . No já desusado livro pode ler-se: Schauman-Lippe (Frederico Guilherme, conde de ), general alemão, n. em Londres (1724-1777). Foi contratado pelo conde de Oeiras (depois marquês de Pombal), para vir a Portugal reorganizar o exército deste país, missão de que se desempenhou brilhantemente. Comandou as tropas anglo-lusas durante a campanha de 1762 contra os Espanhóis, manobrando com extrema habilidade. Soube disciplinar e instruir as forças portuguesas e dirigiu com grande acerto os trabalhos de defes

Lenga Lenga Lacobrigense

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(O Enterro do Entrudo-anos 50) Chegavam de todo o lado. De bairros de velhas ruas, de becos e quintais, gente boa simples anónima e sem nome,…Apenas, apenas “Alcunhas”. O ar cheirava a frio, som, cores e a alegria, era um Carnaval da província. A Praça da Música aonde nas tardes frias de inverno, corpos frios aqueciam ao sol, era o lugar do festão. Numa calçada quadrangular, no centro no meio de alguns bancos, vivia um coreto insípido, domicílio de pardais, aonde nada ou quase nada acontecia. Alguns papeis coloridos esvoaçavam presos a fios de pesca. …A noite comia o dia. O cheiro do polvo na brasa, dos grãos torrados da batata doce cozida, das castanhas assadas das filhós e “seringonhos”, era contagiante. Em cada recanto da Praça vendia-se guloseimas; A Maria das Caldeiras das castanhas, a ti Rita das pevides, a ti Caetana dos pirolitos e tio Frederico Feles com os seus Drops Americanos. Junto ao Mercado de Escravos a voz do Zé Maraquilhé. -Quem quer comprar Maraquilhé? Sob a protec

Sueste

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Quando o Sueste chega e se aconchega e o ar fica encharcado de sal, há uma energia, primordial e intensa, que toma conta do corpo e do mundo. Uma intoxicação pura e límpida. Um acometimento do ser. A inalação da vontade dos deuses na exalação do suspiro da ânsia da espuma. De mar e de sal. O tempo pára quando desapareces no turbilhão das ondas. Que te possuem, enrolam, batem e embalam, devolvendo a respiração, aos que, por se darem, nadam respeitar. Escorres em luz e sol, alma e mar, secando a pele ao calor do sal.

A corvina que ria

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Entrei no mercado Não fosse a fome que tinha Ou tivesse já almoçado Nem toparia c’o raio da corvina. Quanto custa o peixe Que na trago muito dinheiro? Venda-me três postas Na quero o peixe inteiro. São cinquenta euros E é bom e tá fresquinho Mas tem que levar todo Não lhe parto ó bocadinho Dei mais cinco voltas Pla corvina sempre passava Estava embicado no peixe Da maneira que m’olhava Então quanto disse que era? É só pra almoço, não pra bodo Sem dinheiro pra mais Não levo o peixe todo Fica em 10 mil escudos Se não pode levar todinha Compre peixes miúdos Cavalas, charros ou sardinha Mais uma volta pela fruta Volto de novo ao pescado A ver se ainda inteiro Ou já estaria cortado Venda-me lá uma posta Pode ser maiorzinha Abalo já daqui na berra A caminho da cozinha Não há negócio fechado Pois assim ao bocado, depois Fica-me o peixe mutilado E vendo mais um, mas não dois Quero uma parte do peixe Pago já uns mil paus Ainda desfaleço aqui De fome e tratos maus Por esse preço nem vendo Carapa

O FIGO

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......... FIGOS :: LAMPOS ....................................................................................................... Aí está a época do figo! O figo! Esse, assim chamado fruto, filho da Ficus Carica , da família nobre das Moraceae . Na verdade, em termos botânicos, o figo é um receptáculo de flores, não propriamente um fruto, a que dão o nome de síncone. Dizem que já na Idade da Pedra eram apreciados e cultivados por cá, embora sejam originários da Mesopotâmia, Pérsia e zonas arábicas voltadas para o Mediterrâneo. A figueira, nesses tempos, era considerada uma árvore sagrada, talvez porque foi com folhas de figueira (abundantes na região), que Adão e Eva tapavam as suas vergonhas!... Eurico Veríssimo, um grande escritor brasileiro, comenta, a este respeito, que a fruta do Paraíso tinha de ser o figo, não a maçã, e que ao desobedecer a Deus, os fundadores da Humanidade, perderam o paraíso, mas ganharam a mortalidade e o sexo, e inauguraram a indústria do vestuário! Na reali

... ver o passaredo ...

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Desde que cheguei a Lagos que me fascinam as aves que por cá descobri. E uma coisa é vê-las nos livros, em gravuras ou fotografias (prefiro as gravuras, de longe), outra, completamente diferente é vê-las à frente dos nossos olhos, permeadas pelo pára-brisas ou apenas filtradas pelo olhar vestido apenas de ajustamento optométrico. Gaivotas, conhecia eu muitas. Claro. À semelhança dos pombos e dos pardais, acompanhando o grau de enraivecimento, proporcionalmente, a dimensão dos produtos de suas largadas voadoras, também as gaivotas vieram engrossar as hostes de pragas urbanas. Mas, mesmo assim, as gaivotas de Lagos tiveram desde logo um significado muito próprio para mim, o branco das penas fundindo-se com o branco das paredes do rendilhado das ruas e das casas, a mancha vermelha na parte inferior do bico amarelo um toque de vida e cor a lembrar que há naturezas indomáveis que se libertam, livres, livrando-se mesmo de nós ou de nós escarnecendo nos gritos lancinantes com que rasgam a noi

Nossa Senhora da Piedade

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já nem o marco existe uma onda mais um esboroar no dia certo caíu deixou de ver-se o local onde em romaria rezava o povo na ermida a Senhora da Piedade assim chamada ficou desalojada Tem lugar cativo na Igreja a minha a que me deitou água de Baptismo a de Santa Maria

PRAÇA DA CÂMARA

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Lagos Ontem # 3 Clique para melhor ler o poema. ...... Trata-se da praça nobre da cidade, onde estão instalados os Paços do Concelho e que se denomina Praça Gil Eanes. Por incongruência toponímica está lá colocada a estátua de D. Sebastião (que elevou Lagos a cidade, em 1573), sendo hoje um ex-libris . Anteriormente chamada "Praça do Cano", porque o cano abastecedor da água das bicas e do chafariz existentes em frente do edifício da Câmara, nela desembocava. Bicas (ou chafariz) que terão deixado de lá existir, por volta de 1930/32, mas que antes disso terão sofrido algumas transformações, como se pode verificar por postais mais antigos, sendo curioso notar a azáfama dos moradores da cidade, no enchimento de cântaros e pipas transportados por carros-de-mão, burros e carroças. Após a regularização do piso da praça, foi colocado do lado norte do edifício da Câmara, uma bica em ferro forjado – com alguma elegância visual – que continuou servindo para abastecimento público. O poem

Obrigado!

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Devo um pedido de desculpas e um agradecimento muito especial ao grupo de amigos que me convidou para este blogue. Um pedido de desculpas porque, sendo convidado para aqui participar - o que tenho feito menos do que talvez devesse - mantive este blogue "à mostra" no meu perfil enquanto, repensando, escondia o meu... Para quem não gosta de anonimatos, também não foi assim muito bonito, cada um tirará as conclusões sobre os seres e as formas como se vão por aí comportando, (L)arions incluídos... O agradecimento é o mínimo que posso expressar por se terem comportado de uma forma bem mais adulta do que o autor destas palavras, sobretudo ao demonstrarem a amizade que vão tendo por mim, manifesta das mais variadas formas! Obrigado por tudo, mas, sobretudo, por contribuirem para atenuar esta solidão! Estendo o agradecimento, como não podia deixar de ser, aos bloguistas que neste espaço (e por outros meios) me procuraram. A todos, Bem hajam! .

Praia de S. Roque

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Esta terra é linda de qualquer ângulo, a cores ou preto e branco, com muitos bites, baites ou bitaites. Esta terra é um espanto. Às vezes, muitas, olho-a de longe, tento mirá-la como se chegasse, emigrante ou afastado em compras ou trabalho, ou mesmo viajante. E fico, de modo diverso do que é o dia a dia, extasiada: descubro-lhe nervuras, recantos, pregas escondidas bem cheirosas, um rosto, uma luminosidade que não tinha visto, um chão que não tinha sentado: húmido de maresia ou quente do sol ao fim da tarde. Mas onde ando eu apenas para dizer que estava farta de sopa?!... era apenas isto o que queria ter escrito: Farta de sopa, inda mais de nenúfares, vi-me compelida e colocar neste espaço algo bonito .

Namoro

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Entornas-te na ribeira Miras-te Debruças-te Namoras Buscas na água que corre O redondo vaidoso da baía O branco descabelado ao vento Norte da areia preguiçosa A praia longa e luminosa Ai menina cidade Ai menina Tiraram-te a ribeira para longe Cresceram-te Adornaram-te de envoltos Mas a praia e o côncavo O desejado contorno da baía Ficou-te sempre longe.

Lagos podia ser um poema cubista?

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Cinco Horas Minha mesa no Café, Quero-lhe tanto... A garrida Toda de pedra brunida Que linda e que fresca é! Um sifão verdade no meio E, ao seu lado, a fosforeira Diante ao meu copo cheio Duma bebida ligeira. (Eu bani sempre os licores Que acho pouco ornamentais: Os xaropes têm cores Mais vivas e mais brutais). Mário de Sá-Carneiro

da cabeça aos pés

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para metafísicas reflexões, teorias de subjugações, e notórias ornamentações de cabeças masculinas ou outras perversidades femininas. ;D

dúvidas

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E nem eram dez horas. Vinte e duas, preciso. Nem se esvaziara, triste, a garrafita de tinto. Triste por mal amada: passada de mão em mão, sem nem olhá-la, sem lhe saborearem, no devido gustativo, o paladar. Comiam em garfadas comedidas, um ensopado de duas enguias, meia dúzia de sardinhas e umas postitas de safio, ainda menino, a ver pela grossura da posta cozida em caldo apaladado. Gostoso o molho. E em quantidade, de molde a cobrir, uma, duas, e houve quem alinhasse três fatias, do pão torrado, no prato . E havia as batatinhas com casca. Batatas gostosas nadando, despeladas pelos dedos de uns, que os houve, ou por outros, mais delicados, em golpes certinhos da faca e do garfo. E as batatitas aguardavam na travessa que as colocassem, despidas, no molho da caldeirada. Ou ensopado, como vos aprouver. Eram menos da dúzia, os comensais em volta do repasto num jantar banal (disse blogal?!) e nem eram dadas as dez, e na travessa sobravam batatas com casquinha, batatas ainda não peladas, esp

PRAÇA DA PALMEIRA

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.................................... A cidade organiza-se por cima da cidade: ....................................... uma pedra sobre uma pedra, uma ideia ....................................... incansável, no interior dum ovo prestes. ....................................... Organiza-se como um vulcão oculto ....................................... num colo de mulher, ou uma rosa ....................................... nos lábios, para um festejo obstinado. ....................................... Arde devagar, depois das chuvas ....................................... e regenera o sangue, as reminiscências ....................................... doutras incansáveis viagens adiadas. ....................................... Mantém a mesma nobreza de paisagem ...................................... ardida por vento demolidor, suspenso .................................... .. de memórias para a veneração dum lar. . ................................................ Vieira Calado .................

BroSam

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pommes de terre au vin rouge

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Pour 4 personne(s) 1,5 kg de pommes de terre (charlotte) 1 bouteille de vin rouge De l'eau 2 oignons 1 cuillère à soupe de farine 1 cuillère à soupe d'huile Quelques brins de thym et de romarin sel, poivre Preparation Emincer les oignons. Dans un faitout faire fondre les oignons dans l'huile. Eplucher et couper en rondelles les pommes de terre. Ajouter les pommes de terre dans le faitout. Mettre la farine, tourner, ajouter le vin et l'eau. Il faut que les pommes de terre soient couverte de liquide. La proportion eau/vin est à votre convenance (sans abuser bien sûr !). Mener à ébulition puis laisser cuire à feux doux 1h, en remuant de temps en temps. A mi-cuisson ajouter les arômates. • Calories totales de la recette : 1110 kcal • Calories : 277.5 kcal par personne • Lipides : 0 g par personne • Protéines : 3.5 g par personne • Glucides : 43.75 g par personne et voilá

FRAGMENTO II

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(frente do postal apresentado em: FRAGMENTO ) Mostremos, então, a face ilustrada deste fragmento, retalho de um passado que, de certo modo, também me pertence. Em pose, perfilam cinco artistas; à sua frente, cinco instrumentos musicais dispostos segundo o sentido estético do fotografo da época. É, de origem, um postal que servia para publicitar esta banda, que actuava em casamentos, batizados, bailes. Legendemos a imagem, da esquerda para direita: João Luis Rodrigues , saxofonista; usava óculos; era o chefe da banda. Zé Cravinho , violinista; barbeiro de profissão, na Rua Direita; não fazia parte integrante do grupo, mas colaborava sempre que a dimensão do evento o justificava. Florindo Coelho , trompetista; o único que conheço e me facilitou a informação sobre o postal. Inácio , acordeonista; cedo na vida teve problemas de saúde; perdeu uma perna; morreu cedo. João Fulana , baterista; alfaiate de profissão, às vezes, quando não podia actuar, era substituído por Zé "Cai'Log &

velhas navegações

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Lembras-te, Francisco? Lembras-te de quando reuníamos a trupe de vizinhos dos Montes da Areia e da Rua da Aldeia e, cavalgando e empunhando paus de vassoura - cavalo e espada - percorríamos em formação de combate o rossio de S. João tentando desmontar o inimigo? E de quando disputávamos o campeonato nacional de hóquei, com patins e tacos de fabrico artesanal, sem nunca sair da aldeia, sem treinadores nem repórteres? E lembras-te das viagens feitas na carcaça do velho Peugeot, de pé sobre os bancos porque as pulgas e os eventuais percevejos nos assustavam um pouco? E as travessias oceânicas numa caixa de madeira de metro e meio por noventa, desde o cais até à Ponta da Piedade? Lembras-te disso? E como era gratificante pular de barco em barco, no rio, ou no cais quando chegavam as enviadas com sardinha e carapau. Que navegações magníficas fazíamos nesses tempos. Mas era nos barcos varados no braço de rio, no acesso ao estaleiro, que viajávamos em paquetes que num só dia iam e vinham aos

LAGOS ONTEM

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