Lagos está a carpir...
Motivos tem de sobra para que sangre, saia à rua em pranto ou grite, dê voz ao desespero, à raiva, a um incomensurável desgosto.
Lagos clamando a injustiça de ver o que se faz na praia que lhe é sala de visitas, e sala de fazer crescer os filhos, e local de manter em forma as dobradiças da alma e as que enferrujam com a idade...
O Porto-de Mós e as arribas são isso e muito mais!
Mas Lagos baila, e Lagos dorme.
Transeuntes de Agosto acumulam-se em apenas duas ruas do centro da cidade. E no largo, onde el-ei serve de palco, e quantos nem lhe saberão o nome. Ai Sebastião! o que diria ele de dentro de tanta pedra onde o meteram! teria razão de sobra se dissesse: "eu nunca, nunca voltarei para este povo!"
No resto, na rua mesmo ao lado do bulício, Lagos dorme.
E enquanto isso, lá se vai mais um palmo de arriba, mais uma nesga de paisagem.
O Porto-de-Mós na derrocada lenta que deu início já vai para uns anos...
(Revivalistas, inimigos do progresso, dirão muitos, e eu sorrio.)
Lagos dorme ou dança os seus agostos, e um dia destes, não serão apenas hotéis de muitas estrelas, ou que fossem duas, dependurados nas arribas.
Serão as praias!
Será até a meia-praia dividida em parcelas, reduzida a lotes...
Serão as praias!
Será até a meia-praia dividida em parcelas, reduzida a lotes...
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Mena