FIGUEIRA DA PRAIA DA LUZ



ADIVINHA-SE BATISMO              

(intervenção de Pedro Magalhães Santa-Rita, na primeira sessão da Figueira da Praia da Luz - 15 junho 2011)


Foi na Escola Primária, entre os seis e sete anos de idade que dei comigo a distinguir as árvores.
                                                                                                                                                                                foto inês silva - ccl
Até então faziam parte de um indiferenciado mundo verde que oscilava ao vento.


As três primeiras foram o pinheiro, a palmeira e a figueira, pelo grau de facilidade e existência de exemplares nas ruas e quintais da vizinhança.


São árvores de uma paisagem que é nossa, com a qual nos identificamos, seja no campo, à beira-mar ou nos grandes centros urbanos. Basta olhar.


Mas, se quisermos, pode acontecer que as árvores despertem em nós aquelas lembranças e sentimentos tão originais, misteriosos e profundos que se encontram inscritos na alma portuguesa.



Ao percorrermos um pinhal ao vento e maresia das ondas do Atlântico , entre brumas e melancolia, chegam até nós as vozes dos Celtas.


De portos fenícios e oásis africanos desembarcaram em terra lusitana os nómadas do mar e do deserto. Armaram tenda, plantaram palmares e à beira de uma fonte cantaram poemas de amor e saudade que ainda agora, em noites de luar, escutamos.


E hoje aqui sentados, sentindo os sons, os perfumes e a vibração do ar que se confundem com os da antiga noite mediterrânica, podemos saudar a "Figueira da Luz" que abrigou filósofos e legionários cujo fruto colheram e lhe chamaram...um figo.


Se as árvores adoptassem nomes de poetas, penso que o pinheiro tomaria o nome do poeta leiriense Afonso Lopes Vieira, a palmeira o do poeta luso-árabe Al - Mu'tamid e a figueira o do poeta de Lagos, Vieira Calado.
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Comentários

vieira calado disse…
E a sub-espécie, amigo Pedro?

Figo lampo...

ou figo torrado?

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