Deodato Santos - Artista? Figurinista? Escultor?
“ Sou desmesuradamente exigente para com a arte: desejava que ela trouxesse uma resposta. Senão para uma pessoa pelo menos para a humanidade. Por isso nunca me atrevi a chamar-me artista: certa vez chamei-me figurinista, porque faço figuras, hoje nem isso ”. Perceber, à conversa, quem é o Deodato artista, não é fácil. Não só porque é sempre difícil reduzir a palavras simples a obra, o sentir e o pulsar daqueles que operam no universo das artes como é difícil interpretar a sua mensagem em linguagem corrente. E talvez deva ser assim, porque se fosse fácil esse diálogo e esse entendimento, ficaria desmobilizada a manifestação artística por desnecessária. No fim de contas, será mais clara e precisa a obra artística do que as palavras da entrevista. Da entrevista possível, com poucas perguntas e mais desafios, deixamos o excerto da digressão do autor ao sabor da sua plena liberdade. Deodato Santos veio cá parar “via nascimento”, em 1939, como ele próprio referiu, portanto é lacobrigense de
Comentários
Quem lê personagens e histórias vive no mundo do faz de conta em lugar de construir ele mesmo as suas acções, viajar pelos seus espaços e tempos, em suma, ser ele mesmo personagem da sua própria vida no convívio com os que o rodeiam. A leitura é, pois, uma fuga, uma deserção, uma perdição. Poemas e historietas são recursos de egos presunçosos julgando-se produtores de importâncias. Leitores são idiotas consumistas de noções ocas.
A nossa liberdade é cerceada pela leitura. Lendo não se vive, logo, não se aprende. A verdadeira aprendizagem está nas actividades do quotidiano, não nas folhas inertes e bolorentas de um livro. Nunca vi que uma palavra fosse de mais nutritiva que um rojão. Os antigos nunca precisaram de livros. Liam nas estrelas, liam nos ventos, liam nas folhas das árvores, liam nas cores e nos sons da natureza. Bem dizia Fernando Pessoa que o “sol doira sem literatura” e que os livros eram meros “papéis pintados com tinta”. Mais juntava ele que “estudar é uma coisa em que está indistinta/ a distinção entre nada e coisa nenhuma”.
Sejamos activos e úteis.
Um ex-leitor
de todas as grandes empresas que têm tentado a transformação da realidade - cristianismo, marxismo, hitler, ben laden - alguma prescindiu da palavra escrita? cultivaram o absurdo porque elas próprias eram o absurdo. o absurdo é a única realidade, não fosse o centro das galáxias um buraco negro.