às figueiras

Ontem comi figos lampos e lembrei-me das figueiras que havia pelas bermas, dependuradas em valados - quando havia valados e bermas a contornar os campos...
Ah! quando havia campos e a gente ía descalços por aí fora surripiando uns tantos, quentes do sol que lhes dava apesar do fresco das folhas espalmadas escondendo-os como se fossem filhotes.
Ai figueiras da minha juventude! carcomidas, mortas de velhice muitas, e outras arrancadas em nome de cimentos, estradas que nem levam tão longe como levavam aqueles caminhos em que elas faziam, rasteiras, uma sombra nas nossas idas e vindas entre sonhos.
Ai figueiras tresmalhadas que ainda assomam solitárias de um passado!
Figueiras velhas, braçajotas, lampas, inchárias... e as simples figueiras prenhes de figo miúdo, figo verde escondendo rubros: figuinhos para secar na esteira para fazer os santinhos...

Comentários

deodato santos disse…
o que me dizes. já comeste figos lampos. estou à espera de uma comunicação, este ano tenho dois lugares para ir, manhã-cedo ou fim-de-dia. então assim já estás inspirada para a Figueira da Praia da Luz.
um outro produto da figueira é o caracol, não sei qual mais aprecio, se o da figueira se o da amendoeira.
deodato santos disse…
calcula tu que estes últimos anos tenho vivido na degradante situação de ter que comprar figos lampos. há pouco tempo mandou-me a deusa das figueiras - seguramente como paga pela Figueira da Praia da Luz - duas pessoas com árvores carregadas que me chamarão assim que estiverem maduros os frutos. é aqui no concelho. em contra partida, fora do concelho, já fui outro dia a serpa de guadalupe - a margem esquerda do guadiana donde era originário o meu avô paterno - escrever a estória para a Figueira da Praia da Luz. saiu-me curta. terei que fazer outra para merecer o lugar que vou ocupar no banco que está a ser construído, destinado a acolher poetas, nas noites plenilunares de junho julho e agosto.
Maria de Fátima disse…
eu creio nesses deuses entricheirados nas pedras e nas ramas das árvores...e na alma dos gatos e outros animais
terão sido eles, sim! talvez aquele que se aloja debaixo da Figueira da Pria da Luz em noites de lua e de sueste
Tou prái virada, sim: na escrita de uma loa à figueira que restou junto da praia - uma coisa que de repente me seja doada: assim eu saiba colocar em palavras!
Maria de Fátima disse…
entrincheirados - emendemos antes que venha o Francisco...
e lôa ...
francisco disse…
pior a emeda que o soneto: é "loa", estava certo. Mas os comentários não merecem correcções, os posts sim.

gosto do post. em posia kitschunga seria: "aos figos, às figueiras, e respectivas caganeiras"
Ainda não comi figos descalço, e para dizer verdade nem tampouco caracóis, de figueira ou de amendoeira (também os meus preferidos). Este ano é ano de bom caracol e os figos têm boa cara, vou experimentar primeiro com sapatos calçados e depois comparo, tirando um sapato e depois o outro.
Já estou a sentir a vantagem gourmet no pé descalço, ficamos mais próximos da terra e dos deuses e deusas destas coisas...

Tenho de ir ao figo um dia destes...
Mena G disse…
E podemos voltar a pensar na caracolada...
vieira calado disse…
É verdade!

E então pra quando, a caracolada?

e, já agora... com figos lampos...

de sobremesa!...
deodato santos disse…
têm razão a mena e o calado. outro dia ainda comecei a apanhar neles mas depressa desisti.vou daqui soltar o único.
deodato santos disse…
atento à sabedoria da poesia Kitshunga, cuidado francisco lumière ao ir à pé-descalço debaixo da figueira.
Mena G disse…
ainda lhe morde um caracol...
francisco disse…
já tinham era dito qualquer coisa sobre o novo banner. Gostam ou não?

de caracóis não percebo nada, são rápidos demais para mim. quando combinarem alguma coisa, avisem.
deodato santos disse…
banner é o cabeçalho da página? se assim for já tinha feito um comentário e acho que foi uma boa mudança.
deodato santos disse…
quanto aos figos lampos levo-os eu. quantos cada um?

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