mistérios outonais
do
centro histórico


o jarro estava murcho como o aipo da yvette para o coronel von strohm, que está a dar no rtp memória às 21 com repetição às 13, 30. estou em frente à porta do restaurante pescador vendo a ementa. tal como em fotografias antigas meia dúzia de reformados brancos abrigados e encostados à parede da câmara. no largo abandonado ao frio um bêbado preto discursando sem cansaço uma garrafa na mão esquerda e na outra um jarro-flor e um romeno vendedor do borda dágua. venho de vez em quando à esquina da farmácia e olho para a rua da palinova onde um individuo suspeito, disfarçadamente, se ocupa em misteriosas acções.

josé henrique martins

sms: sr. director agradeço preocupação minha segurança stop não, território não está coberto de neve como sugerido blog de-olhar- elaboração criativa de feliz imagem colhida em frigorífico stop nervosismo flanco sul europa sem repercussões locais stop marinha intervenção ligeira in blog cais do sul sem hipóteses submarino portas já consertado stop. o mais curto entre dois pontos quando se veleja nem sempre é o directo, muitas vezes é preciso fazer bordos. aprendi com josé henrique martins, funcionário da tesouraria da câmara, um dos raros motards do seu tempo, primeira pessoa a ter brevet de aviação civil. pacientemente bordejar, sempre foi a partir daí o meu lema em todas as acções da minha vida. é assim que faço a aproximação ao individuo que neste domingo gelado, talvez até por isso - em que mais de metade dos eleitores não votou e não foi por isso - está ocupado em estranhos comportamentos. em vez de seguir rua da palinova acima, viro à esquina do silva que morreu há dias, viro à esquerda para a rua da britaica e vou apanhar o sujeito de frente sem lhe deixar oportunidade para estudar-me. é muito suspeito que esteja a manobrar precisamente no local em que prossigo as investigações.

pode o conflito israelo-palestiniano degenerar

o mar de sueste e o vento gélido de este tornaram impossível a montagem da feira do livro usado na praça do peixe. o antónio mariano, toino fiscaliza, pagou-me um descafeinado na taquelim gonçalves. um romeno quis-nos vender o borda dágua, um jovem entrou com um pequeno tacho e um pequeno fogão de campismo. o homem fotografara a varanda e a calçada e agora, de cócoras, analisava esta sob o vento siberiano de este. siberiano pelo lado do largo da câmara siberiano pelo lado da rua direita. ataquei-o de rompante mostrando-lhe o cartão da polícia judiciária - que está a fazer, diga-me por favor? o individuo devia ser judeu, respondeu com outra pergunta - é verdade que diluíram pós na água do bibi? . qualquer coisa tilintou na minha memória olhei-o com atenção: era eu. decerto acontecera uma duplicação de páginas do tempo, uma digitalização mal guardada, uma desatomização acompanhada de uma recomposição duplicada e momentânea da minha pessoa. contei-me a mim próprio o que já sabia: a sombra da varanda persistira noturnamente até às três e cinquenta, a partir daí transformara-se num arabesco que julgo ser um carácter do alfabeto árabe antigo habitualmente utilizado pelos sufismo.
sms: enviar imagem do caracter.


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Comentários

francisco disse…
«onde um individuo suspeito, disfarçadamente, se ocupa em misteriosas acções.» CAPTURAR MAS NÃO CAPAR «marinha intervenção ligeira in blog cais do sul» AFUNDAR ÀS 22:02 AGUARDA MARÉ «é muito suspeito que esteja a manobrar precisamente no local em que prossigo as investigações.» MANTER VIGILÂNCIA DISCRETA (NÃO DIZER CRETA) «enviar imagem do carácter» CARACTER FALHADO. CRAVAR OUTRO DESCAFEINADO AO FISCALIZA. CUIDADO COM O ROMENO BORDA D’AGUA VENDE PEIXE REI DE AVIÁRIO. STOP!

Ai o ferro forjado
Assim tão esticado
Varandim lixado
Jamais imaginado

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