nem mestre/ nem aluno


ESPECIAL
ENSAIO SOBRE O POEMA
FUI DE VIELA EM VIELA
Tese de Mestrado
O poema deste conhecido fado é da autoria de Guilherme Pereira da Rosa.
Foi musicado e cantado pela primeira vez pelo grande Alfredo Marceneiro.
Não escolho um do outro, a prova é que oiço sempre os dois, mas toca-me a interpretação de Fernando Maurício em dois pormenores: a postura imóvel e a maneira como trabalha as frases, elevando o canto ao nível declamatório ex. ainda recordo agora   a visão   que ao ir-me embora
Este torneamento das frases e das palavras aparece de maneira marcante no final de A Igreja de Santo Estevão quando diz: as vozes que sabem cantar o fado.
Aqui ficava já referido o declínio do Fado, quando, acabada a sua ligação à fidalguia (os fidalgos que o iam frequentar para acanalhar-se - num regresso fantasmagórico às ontológicas origens) caiu na classe média, culminando ingloriamente como património mundial não sei do quê.
Voltando ao poema: a riqueza da descrição do ambiente, a subtileza do discurso narrativo, não deixam dúvidas: é autobiográfico. O autor é um conhecedor.
Que, espantado (despeitado?) por não ouvir o convite do costume (ao convite do costume (diz Fernando Maurício por lapso ou no calor da interpretação) perscruta a cara da profissional e descobre (aterrado?) uma existência humana.
Fui-me embora amargurado (desentesado?).
Em vez de um orgasmo escreve um poema. Não está aqui a síntese da arte e de toda a espiritualidade? A sublimação do que não é concretizado ou concretizável?  E o sentido da própria existência?
Considerando o incomensurável, haja quem queira e se atreva a definir o mais importante dos dois: a concretização de uma da mais profundas ânsias humanas, de par com o Poder, ela própria é puro poder, ou a sua sublimação em flor do espírito.
(mensagem para a Senhor Reitor e membros do Colégio de Sapiência: chamo a vossa atenção, e espero que o considerem, para o facto de não ter caído no facilitismo e no popularismo de ter dado a esta tese o título FADO, comutando o posicionamento das vogais, o que, mais uma vez, levaria esta arte a espelho e essência da humanidade).

2ªa feira    UNIVERSIDADE DE LAGOS nem mestre/ nem aluno  OPORTUNIDADES

https://www.youtube.com/watch?v=yK2A1qvBbW0

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