DEUS VAI MOSTRAR QUE APOIA O FUNCIONALISMO PÚBLICO DE LAGOS
foto f. castelo
muito precocemente me revelei uma criança prodígio: cedo aprendi a execrar a sequência ritual do calendário cristão e a histeria e o orgasmo social a ela associados e inerentes: seguiu-se depois a de todo o monoteísmo - a de todo o politeísmo veio logo atrás.
estou bem acompanhado: deus assina por baixo.
confirmou a minha certeza: não partiu dele a ideia das religiões e detesta que o adorem ( inábil tentativa de manipulá-lo e de apropriação da sua imagem para seduzir e subjugar consciências temporariamente enfraquecidas).
Comentários
um dia, dizia eu, há-de chegar um dia em que me seja dado entender o que não entendo hoje, alheia de conhecimentos, quiçá sentimentos,ou ideias, ou algo que estará alijado de mim e me impede de entender o que será entendível pelos comuns mortais possuidores dessa, em mim falha, sabedoria, quiçá sentir
um dia...
e relerei, a esse tempo que demora, escritos que ora me são vedados.
fá-lo-ei como já hoje o faço, palavra a palavra, soletrando em alguns casos, voltando ao início do parágrafo e repetindo.
lendo de um só fôlego e respirando fundo ao jeito de fazer chegar ao cérebro muito oxigénio, despoletar sinapses adormecidas,
e...
e nem assim eu vejo mais do que as letras, ditongos e sílabas, e as palavras, verbos e adjectivos, crases, plurais e singulares, preposições e advérbios de tempo e de modo...outros mais me ocorrem respirando calmamente a tentar entender o que não entendo.
e torno.
repito.
e ainda assim não discorro da finalidade e nem da intenção e foge-me de perceber sequer o conteúdo.
acontece-me.
é recorrente.
e eu estou em crer que é meu defeito.
mas tenho esperança que um dia...
um dia, e aos deuses oro para que aconteça,
um dia, há-de chegar em que me seja dado entender o que não hoje entendo nem que leia e releia...
Vidrinho, jóias e flores coloridos para o vidente.
Mena
e não exagero, apenas sou sincera
mas tenho esperança de um dia perceber!
é isso que expresso no comentário antes: percebeste agora? não entendo o que está escrito, pronto! é falha minha e no entanto entendi confessá-lo aqui
percebeste agora? ficou mais claro? :)
agora mesmo fiquei sabendo que os primitivos habitantes da austrália explicam os relâmpagos, como as chipas provocadas pelos machados de silex, numa luta de deuses por uma mulher. parece então, e aceitemos, que a vida do homem não passa disso. é partindo dessa certeza que você ali chega, ou há algum indício na escrita que o mostre? como sabe o grande segredo da escrita não é o que mostra mas o talento em saber esconder e o volume de coisas que sugere, por isso fico curioso de saber em que passagem ficou denunciado algo. ou foi um sentimento geral indefinido e resultante de possíveis várias e difusas imagens subliminares ? fico preocupado se o que me conduz ainda é o faduncho da criança desprotegida que procura atrair o instinto maternal da fêmea protectora.
Como na Ilíada Aborígene ou ainda no grande épico Indiano “Ramayana”, uma fémea magnifica merece uma peleja titânica como homenagem do seu Ser, mas não é por ai: é sim o lado paternal do profeta que as deixa “entusiasmadas”. O cuidado reside somente em evitar que se metamorfoseiem em “Electras”.
Deixe-me dizer que mais uma vez, sou em leitor grato.
outra coisa que enche é arrancar pedras e ir substituindo-as por composto vegetal que amontoei durante anos. ontem encontrei-me na serra com uma manada de vacas em transumância. hoje fui lá apanhar as bostas que deixaram, vegetal digerido que incorporei no outro por digerir, esperando assim acelerar o processo. uma tarde agradável.
aprecio o seu gosto pelo arcaísmo e pelo barroco das frases.
Mena
3 séculos - uma ninharia - de racionalismo e lógica cartesianas, condicionaram-nos a apreender as coisas só através da inteligência e da compreensão. a resposta da mena - que nunca mais acerta com o anónimo- é bem o resultado dessa escola de pensamento que inculcou ao mesmo tempo o receio por esse oceano profundo pelas performances de que é capaz, a incontrolável alma - eles bem continuam na tentativa de controlá-la- ela que nos distingue do computador.