dos leitores... no dia mundial do livro
Já que estamos numa de nostalgia – que é nisso que nós somos bons – deixem-me recordar um lacobrigense, partindo da sua foto que me chegou às mãos recentemente.
José Pereira Ribeiro (1919 - 2005) era Funcionário da Câmara Municipal de Lagos – quem não se lembra dele a questionar os sinais de trânsito para emissão da licença de condução de velocípedes e ciclomotores?!
O Sr. Ribeiro, assim conhecido por todos, ocupava as suas horas livres na Biblioteca Gulbenkian, onde nos atendia solicitamente. Foi ele que me deu a conhecer as aventuras de Hornblower, do escritor britânico Cecil Scott Forester (1899 - 1966), que fizeram as delícias da minha juventude. Essa epopeia do marinheiro inglês marcou-me como “leitor de maresias”, confirmando a atenção que as “20.000 Léguas Submarinas” de Júlio Verne já tinham despertado. A partir daí percorri os sete mares da literatura de viagens, especialmente se incluía veleiros; dos navegadores solitários de Jean Merrien aos infortúnios da História Trágico-Marítima de Bernardo Gomes de Brito – que no século XVIII reuniu e publicou, em dois volumes com esse título, as “relações” de naufrágios de navios portugueses ocorridos entre 1552 e 1602.
Foi, pois, por indicação do Sr. Ribeiro que me iniciei na literatura do mar. E isso marcou todo o meu percurso de leitor. Ainda hoje regresso periodicamente a essa temática – nas últimas décadas de forma mais abrangente, por influência do Centro de Estudos Marítimos de Lagos. Também foi ele que me pôs nas mãos os primeiros contos e os primeiros romances clássicos, quando já tinha esgotado toda a maresia das prateleiras da pequena biblioteca.
Recordo que as recomendações literárias do Sr. Ribeiro começavam com uma prévia avaliação da estatura física do jovem, colocado em frente à sua secretária, que ele mirava de alto a abaixo por cima dos óculos, seguindo-se um breve interrogatório sobre certas obras, se o requisitante já tinha lido isto e aquilo, e terminava levantando-se, pegando num livro de uma prateleira e dizendo:
- Pronto, aqui está. Disto vais gostar.
Assim cresciam os leitores.
José Pereira Ribeiro (1919 - 2005) era Funcionário da Câmara Municipal de Lagos – quem não se lembra dele a questionar os sinais de trânsito para emissão da licença de condução de velocípedes e ciclomotores?!
O Sr. Ribeiro, assim conhecido por todos, ocupava as suas horas livres na Biblioteca Gulbenkian, onde nos atendia solicitamente. Foi ele que me deu a conhecer as aventuras de Hornblower, do escritor britânico Cecil Scott Forester (1899 - 1966), que fizeram as delícias da minha juventude. Essa epopeia do marinheiro inglês marcou-me como “leitor de maresias”, confirmando a atenção que as “20.000 Léguas Submarinas” de Júlio Verne já tinham despertado. A partir daí percorri os sete mares da literatura de viagens, especialmente se incluía veleiros; dos navegadores solitários de Jean Merrien aos infortúnios da História Trágico-Marítima de Bernardo Gomes de Brito – que no século XVIII reuniu e publicou, em dois volumes com esse título, as “relações” de naufrágios de navios portugueses ocorridos entre 1552 e 1602.
Foi, pois, por indicação do Sr. Ribeiro que me iniciei na literatura do mar. E isso marcou todo o meu percurso de leitor. Ainda hoje regresso periodicamente a essa temática – nas últimas décadas de forma mais abrangente, por influência do Centro de Estudos Marítimos de Lagos. Também foi ele que me pôs nas mãos os primeiros contos e os primeiros romances clássicos, quando já tinha esgotado toda a maresia das prateleiras da pequena biblioteca.
Recordo que as recomendações literárias do Sr. Ribeiro começavam com uma prévia avaliação da estatura física do jovem, colocado em frente à sua secretária, que ele mirava de alto a abaixo por cima dos óculos, seguindo-se um breve interrogatório sobre certas obras, se o requisitante já tinha lido isto e aquilo, e terminava levantando-se, pegando num livro de uma prateleira e dizendo:
- Pronto, aqui está. Disto vais gostar.
Assim cresciam os leitores.
Comentários
Lembro-o a ele e à esposa, também sempre muito atenciosa.
A ele devo o meu amor aos livros, sem dúvida.
Enid Blyton, desde o Nody até à colecção "Uma Aventura", tudo me deu ele na mão, escolhendo por mim, adequando à minha idade.
O célebre Gricka, esquimó, As Viagens de Gulliver e a lenta passagem para as preteleiras mais altas, sempre vigiando por detrás dos óculos de meia lua...
Já bem adulta, foi ainda ele que me pôs na mão, antes do 25 de Abril, a minha 1ª leitura de Jorge Amado: Cacau, Suor, O País do Carnaval.
Espero que essa relíquia ainda exista na biblioteca...
tempo para ler e ter sonhos e,como quase sempre nestes casos, magalómanos:um hotel na virgem Meia Praia cujo reclamo luminoso zimbrasse a noite lacobrigense: HOTEL GIGANTE. Pronto João,não acredito que um morto tenha poderes para se utilizar de mim para fazer uma vingançazinha.
Os livros assustam muita gente, gente fraca ou gente que quer fazer fraca outra gente. Rapariga inteligente, essa. Lia os livros.
;)
Era afecto ao regime, sei-o de fonte limpa, isto é: era ele mesmo quem o dizia.
Mas foi injustamente catalogado como informador da PIDE.
Para quem o conheceu bem, isso era impossível.
Os informadores recebiam um tanto por informação.
O João Gigante haveria de "revelá-lo", pois assim que tinha "algum" era logo para uns medronhos no Café Portugal e isso, do meu conhecimento e doutros com quem privávamos durante anos, nunca aconteceu especificamente.
Todos sabíamos bem o dinheiro que tinha.
E como bebia os medronhos:
CONTANDO ANETOTAS!
É com bastante orgulho que me leio os vossos pequenos comentários sobre o meu avô materno.
Sim de facto a sua ocupação na biblioteca fixa e intenerante era ocupações renumeradas, passando assim de ocupação de tempos livres para emprego.
Muitas pessoas o recordam da bliblioteca e da Câmara onde fazia os exames para a atribuição das cartas de velocipedes.
E quem não se lembra dos raspanetes que ele vos dava quando traziam os livros dobrados ou mal tratados ? eh eh
É com saudade que o recordo, e é com tristeza que vejo a sua mulher Avó Amélia no estado em que se encontra. Velhilha e doente. Era muito rabujenta mas o Sr Ribeiro amava-a incondicionamente.
Que fiquem as boas recordações e que nunca os apaguemos das nossas memórias.
Cumprimentos a todos,
Diogo Nuno Ribeiro de Mendonça Vieira
Recordas muito bem!
Os Três Mosqueteiros!
Só não sabia quem eram as outras duas personagens.
Em Setembro/Outubro o João desaparecia e ia para o campo do pai.
Também lavrava.
E o pai pagava-lhe com um fato, com o indispensável colete (que estreava na Feira Franca) e algum
dinheiro.
Daí que a minha referência a não ter sido informador da Pide, tenha sentido. Quando acabava a campanha, com menos dinheiro que um informação de "bufo", O João voltava ao Portugal e... enquanto havia dinheiro... vá medronhos prá frente.