FELIZ PÁSCOA
Andei pensando em como havia de fazer um post que fosse desta época e falasse de Lagos e lembrei-me da minha tia Constança que nesta altura do ano nos presenteava, na casa onde morávamos, ali à rua da Oliveira, com uns folares que ela amassava em alguidar de barro secundada por minha mãe que, ao que me lembro, mais não fazia que fornecer ingredientes que eram, além dos ovos e farinha, leite, que a minha tia gostava deles fofos e apaladados do leite que, ao tempo a que reporta a lembrança que vos deixo, não se vendia em pacotes, mas vinha da vaca do Senhor (o nome é que não me lembro) e era trazido à porta e medido para a cafeteira que a minha mãe levava (que era, sim, um fervedor com tampa de buracos, agora me recordo!).
Bem amassada a massa, dormiam os futuros folares, toda a tarde, embrulhados em mantas depois de bentos, com cruz traçada sobre aqueles montes brancos que pareciam cús de gente, diziam elas entre dentes sorrindo que eu bem as ouvia, eu que mal me passava uma cabeça de sobre a cama de ferro branca do quarto sem janelas que era o melhor para não entar qualquer corrente. Levedavam, era o termo.
Besuntadas as cruzes de massa sobre os ovos, ficavam durinhas e lustrosas e ainda é a parte do folar que eu mais gosto. Que, como é evidente, não há folares como aqueles! Castanhinhos, duravam uns belos dias ainda macios depois de sairem do calor do forno preparado com cheirosas estevas com que eu brincava rodopiando-as como piões no chão do forno da Senhora Maria Varela. Ali a dois passos da casa onde a tia Constança amassara os folares de mais uma Páscoa lá em casa.
E havia o galo que o meu pai... mas isso fica para outro dia, caso peçam.
Bem amassada a massa, dormiam os futuros folares, toda a tarde, embrulhados em mantas depois de bentos, com cruz traçada sobre aqueles montes brancos que pareciam cús de gente, diziam elas entre dentes sorrindo que eu bem as ouvia, eu que mal me passava uma cabeça de sobre a cama de ferro branca do quarto sem janelas que era o melhor para não entar qualquer corrente. Levedavam, era o termo.
Besuntadas as cruzes de massa sobre os ovos, ficavam durinhas e lustrosas e ainda é a parte do folar que eu mais gosto. Que, como é evidente, não há folares como aqueles! Castanhinhos, duravam uns belos dias ainda macios depois de sairem do calor do forno preparado com cheirosas estevas com que eu brincava rodopiando-as como piões no chão do forno da Senhora Maria Varela. Ali a dois passos da casa onde a tia Constança amassara os folares de mais uma Páscoa lá em casa.
E havia o galo que o meu pai... mas isso fica para outro dia, caso peçam.
Tenham uma Feliz Páscoa!
Comentários
Eu não gosto de folares. Ainda se fizessem pastéis de nata do tamanho de folares. Nunca achei piada a usar ovos com casca em doçaria religiosa. Tal atrofia gastronómica só pode atestar a perguiça de quem os faz.
;p
Páscoa Feliz.
;)
seilá, o home está a vingar todos os infelizes maltratados...
ó raios, há anos que me fazes dar boas gargalhadas, seilá, principalmente agora rio-me com mais gosto, perdi-te o medo há muito.
(agrafa-te ao gajo, ele fala dos coelhos e tal, eu não o poupava)
...essas genialidades da química.
;p
este queridíssimo aluno, Simão Santos Rodrigues, nº 26 11º A
ah estupor, fizeste-me lembrar as mensagens dos combatentes no Ultramar.
[Aparece uma carantonha de imberbe soldado que diz: daqui xóldado número binte xeis onje mil há, para os xeus pais, abós, tius e primas e prá xua noiva uma xanta e feliz páscoa com muintux óbos nus fulares...]