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A mostrar mensagens de junho, 2007

... ver o passaredo ...

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Desde que cheguei a Lagos que me fascinam as aves que por cá descobri. E uma coisa é vê-las nos livros, em gravuras ou fotografias (prefiro as gravuras, de longe), outra, completamente diferente é vê-las à frente dos nossos olhos, permeadas pelo pára-brisas ou apenas filtradas pelo olhar vestido apenas de ajustamento optométrico. Gaivotas, conhecia eu muitas. Claro. À semelhança dos pombos e dos pardais, acompanhando o grau de enraivecimento, proporcionalmente, a dimensão dos produtos de suas largadas voadoras, também as gaivotas vieram engrossar as hostes de pragas urbanas. Mas, mesmo assim, as gaivotas de Lagos tiveram desde logo um significado muito próprio para mim, o branco das penas fundindo-se com o branco das paredes do rendilhado das ruas e das casas, a mancha vermelha na parte inferior do bico amarelo um toque de vida e cor a lembrar que há naturezas indomáveis que se libertam, livres, livrando-se mesmo de nós ou de nós escarnecendo nos gritos lancinantes com que rasgam a noi

Nossa Senhora da Piedade

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já nem o marco existe uma onda mais um esboroar no dia certo caíu deixou de ver-se o local onde em romaria rezava o povo na ermida a Senhora da Piedade assim chamada ficou desalojada Tem lugar cativo na Igreja a minha a que me deitou água de Baptismo a de Santa Maria

PRAÇA DA CÂMARA

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Lagos Ontem # 3 Clique para melhor ler o poema. ...... Trata-se da praça nobre da cidade, onde estão instalados os Paços do Concelho e que se denomina Praça Gil Eanes. Por incongruência toponímica está lá colocada a estátua de D. Sebastião (que elevou Lagos a cidade, em 1573), sendo hoje um ex-libris . Anteriormente chamada "Praça do Cano", porque o cano abastecedor da água das bicas e do chafariz existentes em frente do edifício da Câmara, nela desembocava. Bicas (ou chafariz) que terão deixado de lá existir, por volta de 1930/32, mas que antes disso terão sofrido algumas transformações, como se pode verificar por postais mais antigos, sendo curioso notar a azáfama dos moradores da cidade, no enchimento de cântaros e pipas transportados por carros-de-mão, burros e carroças. Após a regularização do piso da praça, foi colocado do lado norte do edifício da Câmara, uma bica em ferro forjado – com alguma elegância visual – que continuou servindo para abastecimento público. O poem

Obrigado!

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Devo um pedido de desculpas e um agradecimento muito especial ao grupo de amigos que me convidou para este blogue. Um pedido de desculpas porque, sendo convidado para aqui participar - o que tenho feito menos do que talvez devesse - mantive este blogue "à mostra" no meu perfil enquanto, repensando, escondia o meu... Para quem não gosta de anonimatos, também não foi assim muito bonito, cada um tirará as conclusões sobre os seres e as formas como se vão por aí comportando, (L)arions incluídos... O agradecimento é o mínimo que posso expressar por se terem comportado de uma forma bem mais adulta do que o autor destas palavras, sobretudo ao demonstrarem a amizade que vão tendo por mim, manifesta das mais variadas formas! Obrigado por tudo, mas, sobretudo, por contribuirem para atenuar esta solidão! Estendo o agradecimento, como não podia deixar de ser, aos bloguistas que neste espaço (e por outros meios) me procuraram. A todos, Bem hajam! .

Praia de S. Roque

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Esta terra é linda de qualquer ângulo, a cores ou preto e branco, com muitos bites, baites ou bitaites. Esta terra é um espanto. Às vezes, muitas, olho-a de longe, tento mirá-la como se chegasse, emigrante ou afastado em compras ou trabalho, ou mesmo viajante. E fico, de modo diverso do que é o dia a dia, extasiada: descubro-lhe nervuras, recantos, pregas escondidas bem cheirosas, um rosto, uma luminosidade que não tinha visto, um chão que não tinha sentado: húmido de maresia ou quente do sol ao fim da tarde. Mas onde ando eu apenas para dizer que estava farta de sopa?!... era apenas isto o que queria ter escrito: Farta de sopa, inda mais de nenúfares, vi-me compelida e colocar neste espaço algo bonito .

Namoro

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Entornas-te na ribeira Miras-te Debruças-te Namoras Buscas na água que corre O redondo vaidoso da baía O branco descabelado ao vento Norte da areia preguiçosa A praia longa e luminosa Ai menina cidade Ai menina Tiraram-te a ribeira para longe Cresceram-te Adornaram-te de envoltos Mas a praia e o côncavo O desejado contorno da baía Ficou-te sempre longe.

Lagos podia ser um poema cubista?

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Cinco Horas Minha mesa no Café, Quero-lhe tanto... A garrida Toda de pedra brunida Que linda e que fresca é! Um sifão verdade no meio E, ao seu lado, a fosforeira Diante ao meu copo cheio Duma bebida ligeira. (Eu bani sempre os licores Que acho pouco ornamentais: Os xaropes têm cores Mais vivas e mais brutais). Mário de Sá-Carneiro

da cabeça aos pés

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para metafísicas reflexões, teorias de subjugações, e notórias ornamentações de cabeças masculinas ou outras perversidades femininas. ;D

dúvidas

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E nem eram dez horas. Vinte e duas, preciso. Nem se esvaziara, triste, a garrafita de tinto. Triste por mal amada: passada de mão em mão, sem nem olhá-la, sem lhe saborearem, no devido gustativo, o paladar. Comiam em garfadas comedidas, um ensopado de duas enguias, meia dúzia de sardinhas e umas postitas de safio, ainda menino, a ver pela grossura da posta cozida em caldo apaladado. Gostoso o molho. E em quantidade, de molde a cobrir, uma, duas, e houve quem alinhasse três fatias, do pão torrado, no prato . E havia as batatinhas com casca. Batatas gostosas nadando, despeladas pelos dedos de uns, que os houve, ou por outros, mais delicados, em golpes certinhos da faca e do garfo. E as batatitas aguardavam na travessa que as colocassem, despidas, no molho da caldeirada. Ou ensopado, como vos aprouver. Eram menos da dúzia, os comensais em volta do repasto num jantar banal (disse blogal?!) e nem eram dadas as dez, e na travessa sobravam batatas com casquinha, batatas ainda não peladas, esp