foto f. castelo



A ESCRITA É INCONCESSIONAL E AUTÓNOMA





não se peça demasiado às palavras e não lhe atribuamos exagerada importância: não passam de rudimentares tradutores.
                                                                              +

as palavras estão no seu domínio e cumprem a sua dimensão que é artística, quando autonomizadas, não afirmam certezas: mas em  sugestões múltiplas e vagas (também marítimas) abrem hipóteses.

                                                                               +

a palavra realiza-se quando evolui em tal subtileza que chega a a ser o antónimo de si própria ( liberta-se da sua dependência matricial ).

                                                                               +

os portugueses contribuíram para  a revolução gastronómica do ocidente ao fazerem o transporte dos condimentos há muito conhecidos no oriente: a palavra sem autonomia é um alimento insípido.

                                                                                +


ESCRITA  INCONCESSIONAL E AUTÓNOMA, fruto de perguntas que suscitam respostas, passando as perguntas a ser também as respostas, é o tema de abertura da Universidade de Lagos, a funcionar no blog lagos.pt  porque

                                                                      LAGOS MERECE


 



Comentários

francisco disse…
Inconcessional parece-me que não existe, mas calculo que se refira a escrita que não faz concessões, que pretende ser intransigente e incondicional. Se é isso, compreendo. Por outro lado, é escrita autónoma porquê? Autónoma de quê, ou de quem? Quererá dizer que é uma escrita livre de quaisquer influências? Duvido que alguém consiga escrever totalmente alheio a influências. Autónoma de si, da pessoa, porque se escreve ela própria, sozinha? Isso, gostava de ver. Ou quererá dizer que escreve sem pudores, sem as restrições que, por exemplo, o discurso oral coloca, especialmente no diálogo, em que nos obrigamos a cumprir com uma série de fórmulas e etiquetas para não ofender ou melindrar o interlocutor? Se é isso, compreendo mas digo que é o que se espera de todas aqueles que escrevem, que sejam intransigentes (excepto nos casos da escrita comercial que inclui contas, relatórios, balancetes, romances, contos, ensaios e demais mercadoria semelhante vendida a peso pelas editoras).
Universidade de Lagos? E se em vez de universidade fosse antes “explicadora”, onde se explicavam experiências e pontos de vista pessoais?!

;)
deodato santos disse…
autonomia também da palavra em relação ao autor. considerar o autor, que a palavra tem vontade própria. os surrealistas chamavam-lhe escrita automática e foram buscar influências ao espiritismo. em todas as pessoas que conheci e que escreviam, e nas biografias de escritores aparece quase sempre referência a um estado para além de si. isso também é comum à arte em geral. ter consciência desse estado, respeitá-lo, pôr-se à sua disposição e não se considerar a si próprio uma coisa especial.
explicadora sugere-me alguém que explica e outros que escutam. em universidade parece-me mais universal, cada um fala. e assenta também na pequena história local, como verá naquilo que mais logo vou colocar.
Ajax disse…
"a palavra sem autonomia é um alimento insípido."
Gosto!
Mas...qual é o papel dos sofistas?

Mensagens populares deste blogue

O FIGO

Chamou-lhe um Figo

Deodato Santos - Artista? Figurinista? Escultor?