Lagos visto pelo olhar de Pedro Teixeira Albernaz (em 1634)

Comentários

francisco disse…
Ribeira de Bensafrim (ou do Molião); Ria de Alvôr e Rio Arade.
Lourdes disse…
Uma gravura que faz parte da história de Lagos e do país.
Provavelmente, na época, a ribeira de Bensafrim ainda se distinguia da do Molião (que viria do Chinicato). E parece haver mais umas duas ribeiras: a de Odiáxere e a da Mexilhoeira, desaguando na ria de Alvôr.

Não deixa de ser interessante a grande visibilidade que o artista deu à Mexilhoeira e a Ferragudo, para além de Vila Nova, sem assinalar Odiáxere e Alvôr.
francisco disse…
Caro JMC, Alvor está bem destacado, a Mexilhoeira é que não consta ali. Creio que a ribeira de Bensafrim ou do Molião são a mesma coisa, sempre teve o seu leito principal pelo curso que conhecemos hoje, embora tenha tido, talvez até ao terramoto, uma outra barra de menos importância, aproximadamente em frente à curva da linha CF (a barra de D. Joana). Descobri recentemente uma alusão a um outro curso de água que atravessava o areal da Meia Praia, ali à beira do Forte, denominado Carrapateira (evidentemente, não me refiro ao topónimo da costa Oeste).
FJMB disse…
Fantástica imagem. Fantásticos pormenores. Reparem na representação de um mundo esférico (em 1634), no navio protegido pelo poder da Baía de Lagos - o verdadeiro tema desta representação. A forma como Pedro Teixeira Albernaz apresenta a imagem é maravilhosa: como se estivesse a voar pela Baía. É quase como uma viagem no tempo até ao pré-1755, poucos anos antes da despedida dos "Filipes". Parabéns.
Francisco.

Vendo a reprodução sem ampliar, não me tinha apercebido que o artista representara expressamente Alvôr.

Mas, é claro, a memória atraiçoou-o, porque Alvôr não mudou de poiso tanto assim.

A ser a Mexilhoeira a terreola representada, também a memória o teria atraiçoado. Ela ficaria na outra margem da ribeira de Arão. Porque as duas ribeiras que desaguam na ria de Alvôr, agora como há 400 anos, são as de Odiáxere e a de Arão.

Quanto à ribeira de Bensafrim. Tenho algumas dúvidas de que uma foz tão larga, na zona do Molião, se devesse apenas a essa ribeira.

Os terrenos ocupados pela estação dos Caminhos de Ferro eram então salgados (recordo que nesses terrenos se jogou à bola durante uns anos, pelos anos 50, num campo designado por Salésias, quando o Esperança de Lagos passou a cobrar aluguer pelo campo do Rossio da Trindade aos restantes clubes da terra), pelo que a foz da ribeira deve ter sido bastante ampla.

Não será de descartar que dos morros que ladeiam o Chinicato possa ter corrido ribeira ou riacho que findasse na ribeira de Bensafrim.

De qualquer modo, pela falta de fidelidade, parece fraco o artista. Julgo que terá gozado fama, quem sabe se merecida como cartógrafo ou topógrafo, mas seu mérito terá sido o pioneirismo.

De qualquer modo, nos cursos de água talvez não se tenha enganado assim tanto. E se a Lagos chegavam dois...
éf disse…
Tivessem eles máquinas fotográficas e a história seria outra.
Na memória descritiva do "Atlas del Rey Planeta" com o titulo "Costas de Villa nueva de Portima" pode-se ler:
Ria de Lagos: Lagos
Dista la çiudad de Lagos del cauo de San Viçente siete leguas al poniente, como por menor queda dicho.
Es esta çiudad la prinçipal deste reyno.
Está situada junto a la plaia de su puerto que queda mirando a la parto del leuante.
Es toda çercada con muy fuertes muros y adornada de ermosos ydifiçios.
Asiste en ella el gouernador del reyno y su obispo.
El puerto no es, por set plaia, de muncho fondo y así no asisten en ella nauíos de muncho porte.

De Lagos a Portimão
Desta çiudad y su puerto adelante continúa la costa toda de arena.
Vna legua se entra en el mar vn río donde está vna villa que llaman Aluor.
De la barra deste río sale la tierra de la parte del leuante y aze dentro en el mar vna punta.
En lo alto della está vna ermita de Santa Catalina.
En este mar se pescan munchos atunes.
Buelta esta punta de la parte del leuante della se entra en la barra de Villanueba de Portimán.

Rio Arade: Portimão
Es la uilla de Villanueba de Portimán la mejor de todas las desta costa, así por su buena poblaçión como por ser el puerto el más seguro y capaz de toda ella.
Su barra es la de más fondo de las desta costa.
Éntrase en ella por quatro braças y dentro tiene trez.
Y dan en el puerto los nauíos en sinco de fondo.
Es toda esta villa çercada de buenos muros.
Y de la parte del río, enfrente del puerto y villa, está vn lugar que llaman Ferrudo.
Y de la misma / parte del leuante, en la barra en vn alto, está vna ermita que llaman Nuestra Señora la Blanca.

fonte:
http://arkeotavira.com/Mapas/Texeira/
e
http://imprompto.blogspot.com/2008/06/portos-do-sul-em-1634.html
vieira calado disse…
Parece até mais giro do que é agora.

Pelo menos não havia beyão...

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