Rua da Barroca

Rua da Barroca

«Trata-se duma das ruas mais típicas de Lagos. Antes de 1960, confinava com o rio, por fazer parte do pano das muralhas que tinham ajudado a defender a cidade de algumas invasões. Tal pano de muralhas não tinha as aberturas que hoje dão acesso à Avenida. Embora fosse muito típica, era talvez, das mais empobrecidas, por ser constituída, praticamente, pelas traseiras das casas da Rua Direita e Afonso de Almeida. Uma das traseiras pertencia ao então famoso restaurante “A Marisqueira”, de José Boto, onde se comiam bons petiscos e que ensinava gaivota a vir comer à mão! A rua tem o seu início no baluarte aos Socorros a Náufragos e termina no edifício da Câmara, com a particularidade de, no seu percurso, ter de se passar sob uns arcos que suportam parte das referidas casas e… onde, não raras vezes, pernoitavam moços de fretes e pedintes.»
em “Lagos Ontem”, Notas Toponímicas & Históricas, de José Paula Borba

RUA DA BARROCA

Sentir o acre sabor do sal que ainda pronunciam
estas antigas casas, o ar húmido envolvente do rio,
a pura melodia duns lábios, a serenidade antiga.

Estar de novo aqui, vagueando por estas ruelas
donde era possível ouvir as evocações do vento,
no seu ofício de relembrar a tentação dum barco.

Comungar da respiração dum remo cadenciado
que mergulha no mar gerando essa festa mágica,
o prémio para um pescador, o tributo das águas.

E, por fim, evocar esta exígua vertiginosa fronteira
da luminosidade cendrada, violenta, do inverno,
numa gaivota distraída, juvenil, às portas da cidade.

Vieira Calado, em “Lagos Ontem”,
2ª edição da Câmara Municipal de Lagos


Poema inserido na exposição do Concurso de Fotografia Digital
"À Descoberta do Litoral de Lagos", patente ao público até 25 de Março
na sala polivalente do edifíco dos Paços do Concelho do Município de Lagos



Comentários

markus disse…
Lagos ontem e hoje, uma terra de beleza impar.
Bom fds e tudo bom. Um abraço.
pin gente disse…
recordo lagos dos meus 12-13 anos, quando lá ia de férias... ficou-me uma imagem terna, naturalmente branca... calma e paz.

abraço
luísa
Fátima Santos disse…
se receberam o comentário que ontem perdi ( um mimo sobre a rua da barroca, claro!) pois vejam lá, sff, se lhes foi parar ao email, postem-no por aqui. abraços
vieira calado disse…
A recente Rua da Barroca, meio século depois desta fotgrafia, teve até há pouco tempos, dois nomes incontunávies: o Arribalé (um bar) e o Chico Mélon
que também ensinara as gaiotas a vir comer à mão...

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