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A mostrar mensagens de julho, 2007

Condelipas

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Se há livros que convictamente trouxe de casa dos meus pais quando vim para Lagos, foram os dois volumes do Dicionário Lello Universal. Não pelo conteúdo, que, mesmo nos tempos em que estava “actualizado”, deixava muito a desejar, mas, sim, pelas ilustrações. Encontrando-me a folhear o segundo volume do referido dicionário, como muitas vezes faço, ao acaso, deparei, também acidentalmente, com uma entrada que, antes, não havia ainda chamado a minha atenção, a referente ao Conde de Lippe . No já desusado livro pode ler-se: Schauman-Lippe (Frederico Guilherme, conde de ), general alemão, n. em Londres (1724-1777). Foi contratado pelo conde de Oeiras (depois marquês de Pombal), para vir a Portugal reorganizar o exército deste país, missão de que se desempenhou brilhantemente. Comandou as tropas anglo-lusas durante a campanha de 1762 contra os Espanhóis, manobrando com extrema habilidade. Soube disciplinar e instruir as forças portuguesas e dirigiu com grande acerto os trabalhos de defes

Lenga Lenga Lacobrigense

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(O Enterro do Entrudo-anos 50) Chegavam de todo o lado. De bairros de velhas ruas, de becos e quintais, gente boa simples anónima e sem nome,…Apenas, apenas “Alcunhas”. O ar cheirava a frio, som, cores e a alegria, era um Carnaval da província. A Praça da Música aonde nas tardes frias de inverno, corpos frios aqueciam ao sol, era o lugar do festão. Numa calçada quadrangular, no centro no meio de alguns bancos, vivia um coreto insípido, domicílio de pardais, aonde nada ou quase nada acontecia. Alguns papeis coloridos esvoaçavam presos a fios de pesca. …A noite comia o dia. O cheiro do polvo na brasa, dos grãos torrados da batata doce cozida, das castanhas assadas das filhós e “seringonhos”, era contagiante. Em cada recanto da Praça vendia-se guloseimas; A Maria das Caldeiras das castanhas, a ti Rita das pevides, a ti Caetana dos pirolitos e tio Frederico Feles com os seus Drops Americanos. Junto ao Mercado de Escravos a voz do Zé Maraquilhé. -Quem quer comprar Maraquilhé? Sob a protec

Sueste

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Quando o Sueste chega e se aconchega e o ar fica encharcado de sal, há uma energia, primordial e intensa, que toma conta do corpo e do mundo. Uma intoxicação pura e límpida. Um acometimento do ser. A inalação da vontade dos deuses na exalação do suspiro da ânsia da espuma. De mar e de sal. O tempo pára quando desapareces no turbilhão das ondas. Que te possuem, enrolam, batem e embalam, devolvendo a respiração, aos que, por se darem, nadam respeitar. Escorres em luz e sol, alma e mar, secando a pele ao calor do sal.

A corvina que ria

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Entrei no mercado Não fosse a fome que tinha Ou tivesse já almoçado Nem toparia c’o raio da corvina. Quanto custa o peixe Que na trago muito dinheiro? Venda-me três postas Na quero o peixe inteiro. São cinquenta euros E é bom e tá fresquinho Mas tem que levar todo Não lhe parto ó bocadinho Dei mais cinco voltas Pla corvina sempre passava Estava embicado no peixe Da maneira que m’olhava Então quanto disse que era? É só pra almoço, não pra bodo Sem dinheiro pra mais Não levo o peixe todo Fica em 10 mil escudos Se não pode levar todinha Compre peixes miúdos Cavalas, charros ou sardinha Mais uma volta pela fruta Volto de novo ao pescado A ver se ainda inteiro Ou já estaria cortado Venda-me lá uma posta Pode ser maiorzinha Abalo já daqui na berra A caminho da cozinha Não há negócio fechado Pois assim ao bocado, depois Fica-me o peixe mutilado E vendo mais um, mas não dois Quero uma parte do peixe Pago já uns mil paus Ainda desfaleço aqui De fome e tratos maus Por esse preço nem vendo Carapa

O FIGO

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......... FIGOS :: LAMPOS ....................................................................................................... Aí está a época do figo! O figo! Esse, assim chamado fruto, filho da Ficus Carica , da família nobre das Moraceae . Na verdade, em termos botânicos, o figo é um receptáculo de flores, não propriamente um fruto, a que dão o nome de síncone. Dizem que já na Idade da Pedra eram apreciados e cultivados por cá, embora sejam originários da Mesopotâmia, Pérsia e zonas arábicas voltadas para o Mediterrâneo. A figueira, nesses tempos, era considerada uma árvore sagrada, talvez porque foi com folhas de figueira (abundantes na região), que Adão e Eva tapavam as suas vergonhas!... Eurico Veríssimo, um grande escritor brasileiro, comenta, a este respeito, que a fruta do Paraíso tinha de ser o figo, não a maçã, e que ao desobedecer a Deus, os fundadores da Humanidade, perderam o paraíso, mas ganharam a mortalidade e o sexo, e inauguraram a indústria do vestuário! Na reali