UNIVERSIDADE DE LAGOS
nem mestre/ nem aluno
 UM BARCO NA PRAIA DA D.ANA (LAGOS)
UM BARCO NUMA ILHA DO SENA
 A moçada percebeu que tínhamos sido expulsos do paraíso quando apareceu o bikini os toldos e um banheiro.
Este veio pedir-me para explicar a um francês que a deslocação ocorrida no seu barco, ali ancorado tanto que duraram as suas férias, não tinha sido provocada por mão humana, mas que tinha sido uma ondulação de sueste.
Bernard Marouzé, ficou espantado com o francês por mim falado.
Obrigado a Zeca Afonso, que num curso comercial, me deixara sabendo ler e citar na língua original, escritores e poetas franceses.
Eram dois casais, cunhados, com as crianças Titi e Cati. Pataud, projectista, Marouzé, director de um banco em Paris.
Fomos conversando daí em diante, de tal forma que acabei viajando com o casal Marouzé, como convidado quer nos alojamentos quer nos restaurantes, desde a Praia da D.Ana até à sua casa no centro de Paris.
De visita ao casal Pataud, fomos ver o Sena, bordejado de cabanas alugadas pela Câmara àqueles que passavam os tempos livres jardinando legumes e flores. Também eles possuíam o seu espaço, mas sem cabana. Construímos uma e lá vivi tendo na frente duas ilhas: uma maior onde existia a sede de uma empresa de dragagens Goiffon & Jorre e uma mais pequena onde era depositado material da empresa, como uma barcaça fora de uso.
Que me levaria a pensar que um Président Dirécteur Géneral receberia um estrangeiro desconhecido que vinha pedir-lha autorização para viver na barcaça.
Não só me recebeu, como, passado um quarto de hora, estando eu instalando-me na cabine, chega um bote com um funcionário que me vinha trazer um fogão para aquecimento.
É dele que fico a saber que aquele tinha sido um lugar dos Impressionistas.
Bernard, entre os seus clientes arranjava-me biscates.
Certa vez foi numa empresa de mecânica de precisão para aeronáutica. Era em Nanterre, no lado industrial. O lado universitário, onde o judeu Cohn Bendit e seus seguidores preparavam o que viria a ser Maio 68, não os vi.
A empresa tinha mudado para instalações novas e o patrão queria outras cores nas paredes. Entre pinceladas conseguia tempo para lavar a roupa e pô-la a secar na tubagem do aquecimento central.
A secretária de direçcão era Maryvonne Guyot e quando se deu Maio 68, havia alguns meses que estávamos nas margens do Léman. Das margens do Sena às margens do Léman.
                                                          
Com picaretas enxadas e pás, em Barão de são João já acontecido abril 74, reparávamos um caminho, quando alguém de um grupo de voluntários acabado de chegar vem apresentar-se e me assinala que entre eles estava alguém muito conhecido: Cohn Bendit.






acredito mas da mesma forma como quem as utiliza faladas ou como quem se não serve delas nem escritas nem faladas: apenas imaginando que o faz como quem procura sinais na matéria negra invisível e impenetrável. 



                      Miss Veiga
Foi de facto Zeca Afonso quem me disse ser eu um escritor. Acreditei. Alguns tempos depois figuravam, mestre e aluno, na Antologia de Poesia Portuguesa do Pós Guerra - 1965. Acreditei.

Mas antes de o ter tido como professor já escrevia há muito. Uma professora Maria Emília Horta Veiga, quando em aulas de duas horas dedicadas a exercícios escritos, e dado que não acabara o que estava a escrever, levava-me para a turma que tinha a seguir, e lá ficava até ao fim.

Arrogância juvenil, ignorando limites, passei a levar-lhe, para que corrigisse gramaticalmente, o que escrevia fora da escola.
Coisa a que sempre acedeu sem denotar impaciência.

Já a tinha procurado na Fototeca Municipal de Lagos e não a tinha encontrado, mas recentemente consegui escrevendo no rectângulo de busca Miss Veiga (17).

Minha senhora (não havia o tratamento sôtora) saúdo-a e permita-me o  beija-mão.
alunos e professores de um colégio de Lagos por volta de 1934
para identificação dos fotografados veja a Fototeca Municipal de Lagos, onde poderá encontrar muitas outras preciosidades 

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