UNIVERSIDADE DE LAGOS
nem mestre/ nem aluno

 O CABO BARBOSA
JOSÉ DE JESUS PATACHO
 E A PRAIA DO PORTO DE MÓS

Ouvi quem exprimisse estranheza e talvez desconforto ou tristeza por ver o Porto de Mós na Lagos portuguesa, sem vivalma.

Espantado fiquei ao dar-ma conta que ainda não tinha percebido que já havia pessoas que não a conheceram da maneira como ela fora antigamente.

Quando ela não tinha ninguém aparte uma família, o Cabo Barbosa que voltara da Ásia casado com uma asiática. Um descendente do casal ainda habita a casa propriedade militar.

É no Porto de Mós da actualidade que sinto o tal desconforto ou tristeza, e que me aplico em vão esforço, de vê-la sem pessoas que gozam o legítimo direito de, pelo simples facto de serem, ocuparem com os seus comportamentos e hábitos, tudo o que possam ocupar.

Foi, pela noite avançada, lugar de embarque de migração clandestina com destino às costas do Norte da África.

Foi daí que partiram três amigos, num barco construído por um deles, José de Jesus Patacho, que não tendo ficado por lá, continuou aqui a sua vida de mestre carpinteiro e de fabricante de brinquedos, que carregava na sua pedaleira para vendê-los em feiras e mercados.

Só me interessa pensar as duas épocas sob o ponto de vista da eternidade: qual delas para ela entrará? Ou entrarão as duas? Ou não entrará nenhuma? Ou não haverá eternidade?

Dizem cientistas que os buracos negros ao sugarem galáxias retêm à sua entrada (os grandes lábios) toda a informação que elas continham. (O nosso microcosmos é em tudo uma extensão do macrocosmos).

Definitivamente não me atrai a eternidade. Imaginar-me nos lares de idosos eternos, permanentemente afogado pelas memórias de milhões e milhões de mundos.

Já me basta todo o incompreensível lixo que me ocupa o espírito num ínfimo espaço de dezenas de anos. Onde felizmente, coisas reconfortantes como a memória do velho Porto de Mós do cabo Barbosa e José de Jesus Patacho amenizam as coisas.
Conheça mais coisas desse homem e da viagem, do cabo Barbosa nada encontrei, na Fototeca Municipal de Lagos.


eremitas eremitérios alucinações     UM DIA SERÁ POSSÍVEL A ESPERANÇA

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