nem mestre /nem aluno


A CIVILIZAÇÃO DO SEQUEIRO

UMA FAMÍLIA DO SEQUEIRO
                                                           
Presidente Joaquina Matos, Conceição Marreiros,
escultor Deodato, padre Silvério
                                                                     OBRIGADA

Obrigada a todos que tornaram possível este momento.
O projecto do escultor Deodato nasceu e não se concretizou de imediato.
O TEMPO ESGOTA-SE, motivo pelo qual este ano uniram-se esforços e cá estamos.

Como almofada e a montante temos a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia.
Conceição Marreiros, seu filho Júlio, marido José Júlio e
Presidente Joaquina Matos
Refiro a ideia transmitida pelo homem que mais anos, em diversos campos, representou 
este território “AQUI CABE TUDO”
Um desafio aos jovens.
Aproveitem as fontes escritas o conteúdo da obra O Sequeiro e os fundos comunitários em vigor.
Trabalhem um livro.
Têm sempre o apoio da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia.

OBRIGADA

Aos representantes da minha família paterna e materna, primos e parentes e aos primos que a estes se juntaram por casamento
Aos meus amigos desde que me entendo
Rosado Bago d'Uva
representando uma conhecida família da época
Às pessoas com quem trabalhei e aos políticos dos diversos mandatos, uma referência para a Senhora Presidente actual, que conheço desde que chegou a Lagos a deixar o seu filho mais velho na escola primária.
Aos artistas de Barão que, desde longa data se organizam. Um agradecimento especial ao escultor Deodato por esta obra.
Ao meu marido e meu filho que sempre me apoiaram nas iniciativas que me surgiram em relação às minhas origens.

Barão são João,21 de junho 2019
Maria da Conceição Marreiros Dias





(estas cores foram inspiradas no processo do arq.Siza Vieira para pintar uma capela que lhe foi encomendada por Mathias Stiefel, situada em Barão de São João, que consistiu em misturar terra do local às tintas. As cores aqui presentes fazem parte de um lote de cinco tonalidades encontradas nos caminhos da Mata e simplesmente misturadas a cola de madeira).


foto filomena carmo
clicando nas fotos obtém-se ampliações

UMA FAMÍLIA DA CIVILIZAÇÃO DO SEQUEIRO

Há seis anos tinha pedido a Conceição Marreiros para colocar na parede de sua casa um boneco relativo a esta Civilização do Sequeiro.
Passou-se o tempo e já pensava que não viria a concretizá-lo quando a meio de uma noite acordei com a ideia de um Cristo autodescrucificando-se.

Num típico fenómeno de transdimensionalidade esta ideia recente, retroactivamente desbloqueou a ideia antiga.

Além, no princípio da rua, a peça de Cristo representa um dos mitos importantes da história humana tendo originado a actual civilização judaico-cristã.

Aqui nesta parede, à maneira de contraponto, esta peça representa a história desta localidade.
O Sequeiro foi a base de existência das várias gerações que aqui sobreviveram.

Sob um regime irregular de chuvas, num clima prédesértico, numa terra pobre, que foi sendo continuamente espedregada, para conseguirem mais uns metros de terra arável, conseguiram os agricultores criar família e educar descendência.

A civilização do sequeiro está definitivamente enterrada.

As personagens representadas neste boneco, olham para o princípio da rua, observando as novas pessoas que chegam e perguntam-se como irão elas viver e que farão desta terra.
A jovem Conceição Marreiros que ali está tem o olhar concentrado no livro com que aprende o conhecimento, mas também o concentra na rua donde depreende a realidade.
Uma realidade que sempre a fez pugnar pela sua terra, da qual foi a primeira Presidente da Assembleia de Freguesia.

Dizia-me ontem José Francisco que a terra tinha perdido a sua cultura.

A cultura de uma terra está no espírito da terra. O espírito da terra não é só a vida de todos os dias e das ruas e hábitos que nos possuem. O mais difícil é encontra-lo por entre os nevoeiros da memória telúrica.

Subamos com o google e estacionemos a certa altitude e ver-se-à que esta terra é geograficamente o promontório sacro donde se desprendeu novo continente. Não é um lugar perdido na serra, é daqueles lugares que os humanos procuram quando os sinais de perigo se acumulam, e que constituem uma reserva de continuidade.

As pessoas eram sóbrias e frugais até nas palavras. A música que ouviam era a música do espaço natural de que faziam parte.

A época está cheia de festivais por tudo e por nada e o slogan que a define é MUITAMÚSICAMUITANIMAÇÃO.

Podemos considerar as pessoas que se estão a instalar como refugiados da civilização industrial na sua fase decadente.

De entre elas surgirão aqueles que conquistados pelo silêncio e pela melancolia do território sacro, se tornarão produtos do espírito local e continuadores de uma maneira de estar local, que não precisa de ser definida por parâmetros de raiz cultural: basta-lhe ter alimentado gerações de pessoas.

(Cristiano Cerol, que não deixa escapar nada do que se passa em Lagos, paixão que o levou a mestrar-se em História Local, assinalou-me que anos atrás, num catálogo de exposição no Centro Cultural de Lagos, já eu falava em Civilização do Sequeiro).
2ª feira   eremitas eremitérios alucinações

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