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POÇAS DE THEATRO   descalce os sapatos E ESTA BOTA COMO  DESCALÇAR   treinei-me com sucesso   a barbear-me sem espelho e neste momento  agarro um e resolutamente disponho-me a pô-lo frente à minha cara e perguntar-me-lhe: se fores tu com quem falo vezes em alta voz vezes em pensamento diz-me:   (giro o cabo do espelho para a face oposta:    é inútil o esforço de procurar compreender a compreensibilidade do incompreensível).   2ªfeira       alucinações  senilidades                 selenidades  solenidades                 SELENIDADES                                    

  POÇAS DE THEATRO   descalce os sapatos COMO DESCALÇAR UM PAR DE BOTAS  é estranho que não tenha atacadores nas suas botas      por receio que se desatem e que pisando-os me estatele        é isso que não compreendo    se tem gravada como princípio de vida essa convicção como se explica que se aprestasse a sair  convencido que tinha o atacador de uma bota não  a da esquerda me anunciou você inicialmente         atado        que posteriormente corrigiria  dizendo que era a da direita  e atribuindo tal errónea observação a três factores  que desmemorizei     eu repito-lhos      poupe-me       torna-se  premente e imprescindivel colocar  a seguinte questão que me vem acompanhando deixando-me anormalmete perplexo:  porquê   não tendo você quaisquer dúvidas quanto à inexistência de atacadores nas suas botas...

  POÇAS de THEATRO descalce os sapatos COMO DESCALÇAR BOTAS e desiste de sair por não ter o atacador da bota direita atado?     há sempre um risco de queda     reparo que fala em bota do pé direito quando antes me referira a bota esquerda     tem razão reparo agora que assim é e atribuo isso a uma refracção da luz ambiente ou por cada um dos lados do meu corpo corresponder a lados opostos no seu ou por estar a pensar não sei no quê   absorto reparo sobretudo que ambas as botas não tem atacadores. 2ªfeira POÇAS de THEATRO descalce os sapatos COMO DESCALÇAR BOTAS

  POÇAS DE THEATRO descalce os sapatos   COMO DESCALÇAR A BOTA   agradeço      agradece o quê       que me tenha informado que acaba de calçar as botas    só não compreendo porquê acha que tal seja do meu interesse     estava a falar comigo próprio     quanto tempo acha que levo daqui até ao ascensor      dois minutos   talvez três depende de quanto fôr hábil a fechar a porta do apartamento       pois bem    tomemos três minutos   depois de calçar as botas enquanto espero a chegada do ascensor perguntar-me-ei e verificarei uma meia dúzia de vezes se calcei as botas       pois bem desta vez notará que se esqueceu de atar os atacadores da bota esquerda      bem desisto de sair     por causa de um atacador não atado?       ...

  POÇAS DE THEATRO descalce os sapatos   TODALGUÉM ESTAR PRALÉM   presumo o seu desinteresse pelo dia que corre        como por qualquer outro     o tom com que presume me leva a depreender que seja um praticante do calendário e também do bilhete de identidade com um nome por alguém escolhido e decidido    orgulhoso dele depender e incapaz dele se desprender.     5ª feira   POÇAS DE THEATRO descalce os sapatos COMO DESCALÇAR A BOTA

  POÇAS DE THEATRO descalce os sapatos   CADA LUGAR ESTÁ PARA  ALÉM procuro uma passagem de acesso ao que está para além do sistema solar       é seguir sempre em frente ( virando-se para três pessoas à volta: é o que  sempre digo aos camónes )    estou aqui chegado seguindo essa mesma orientação ouvida em quatro idiomas em quatro grandes metrópoles que atravessei     e quem o orientou fê-lo com muita razão e honestidade: o para além deste lugar é sempre em frente    e mais me disseram: quando der com um homem descrucificando-se  está quase é só seguir sempre em frente      ó meu amigo: é meia dúzia de passos por aí abaixo e encontra-lo mesmo à vista     e depois ?     é seguir sempre em frente (virando-se para as entretanto quatro pessoas:  presumo que com o que ele tem visto já não se contente apenas em sair do sistema solar). ...

  eremitas      eremitérios    alucinações OCULTO E OCULTADO   alicerçada na mais incontestada das fórmulas o segredo é a alma do negócio o ocultado envolve uma tal teia de interesses   uns ainda menos inconfessáveis que os outros    que nos leva a que nunca conheçamos a verdade da realidade envolvente e nos faz de nós o que somos já o oculto é simples: trata-se apenas daquilo que não é acessível aos sentidos da forma actual de que somos compostos.   2ª feira    POÇAS DE THEATRO descalce os sapatos

  UNIVERSIDADE DE LAGOS nem mestre/nem aluno DE QUE CRITÉRIOS SE SERVE A ETERNIDADE PARA ADMITIR OS A ELA PRETENDENTES   Nenhuns critérios.   Não há prémios nem castigos. Embora disso não tendo consciência estamos sempre na eternidade. Basta desintegrarem-se os elementos essenciais que nos compõem. Através deles estamos na intemporal e inconsciente eternidade. Não teremos memórias das formas que aleatoriamente fomos sendo, nas diversas combinações que tivermos sido. Por outro lado, eles, têm a oportunidade de conhecer a memória e o tempo, quando se combinam para tomar as incontáveis formas de que se compõe o universo visível.   5ª feira     eremitas eremitérios alucinações OCULTO E OCULTADO

  eremitas      eremitérios    alucinações   O CRIADOR DO NADA para eternamente autocriar-se a partir do nada cria o nada       para quê posteriormente o universo?        que, para quem criou a incomensurabilidade do nada, não passaria de medíocre entretenimento com que nunca gastaria tempo eterno.           face ao inacessível e intransponível oculto apenas nos resta é dizer-lhe que não temos outra solução que não seja deixar de acreditar nele          que ele aceitará e entenderá como oração e pela qual nos ficará reconhecido (eternamente como em tudo o que lhe diz respeito).     2ª feira  UNIVERSIDADE DE LAGOS nem mestre/nem aluno DE QUE CRITÉRIOS SE SERVE A ETERNIDADE  PARA ADMITIR OS A ELA PRETENDENTES Nenhuns…

  UNIVERSIDADE DE LAGOS nem mestre/nem aluno GRANDES EMPREENDIMENTOS    PEQUENOS EMPREENDIMENTOS DE QUE CRITÉRIOS SE SERVE A ETERNIDADE  PARA ADMITIR  OS A ELA PRETENDENTES   para autocriar-se eternamente a partir  do nada cria o nada      para quê posteriormente o universo?       matéria efémera que ciclicamente volta a ser pó e do pó volta a materializar-se e de cuja existência conhece (ele) previamente todos os pormenores do que nele se produz em cada ciclo    para quem estava antes do nada incomensurável sabia que o universo não passaria de um efémero e medíocre entretenimento que nada tinha para oferecer-lhe.    INFANTE D. HENRIQUE / JOSÉ PATACHO   Assente num grandioso empreendimento a obra do primeiro não alcançará para lá do sistema solar.   Já a do segundo, ao desistir da viagem e dedicar-se a construir bonecos com a concentração silenciosa e soli...

  eremitas      eremitérios    alucinações   não me atrevo a manifestar opinião sobre qualquer coisa porque dela é sempre maior a dimensão oculta do que aquela que é visível.     2ª feira UNIVERSIDADE DE LAGOS nem mestre/nem aluno   GRANDES EMPREENDIMENTOS   PEQUENOS EMPREENDIMENTOS DE QUE CRITÉRIOS SE SERVE A ETERNIDADE Para admitir os A ELA PRETENDENTES

UNIVERSIDADE DE LAGOS nem mestre/nem aluno   DOIS IMPULSOS TRANSESPAÇOTEMPO desconhecendo haverem sido tridimensionais nunca poderiam saber da mesma paixão que os movera: um mandara construir muitos barcos o outro construíra…   (talvez por terem protagonizado acções envolvendo grande carga eletromagnétoquímica só assim se possa compreender que tais impulsos perturbadores do espaçotempo tenham arrastando consigo adjacentes e correlativos impulsos de memória humana)   …um único bote por suas mãos   (no fugaz tempo que estacionou nesse deslizar do espaçotempo sempre sem consciência de si próprio veio-lhe a surpreendente imagem do que fizera e logo aproveitou o que ficou sabendo do outro para convidá-lo para mestre dos seus estaleiros)   aqui situados como poderíamos alguma vez saber se o outro se deu conta de tal proposta? concentrado que estava vivendo para fazer brinquedos de madeira que ataria como uma corda à pedaleira para ir para o mercado de Odeáxere. ...

  UNIVERSIDADE DE LAGOS nem mestre/nem aluno VULCÃO DE MONCHIQUE NÃO SERÁ REACTIVADO IMPORTANTE EMPRESA MUNDIAL DO COMÉRCIO DE DIAMANTES  ASSIM O ASSEGURA   Desde há ano e meio que complexas análises, empregando a mais moderna tecnologia espacial, têm revelado que a lava do adormecido Vulcão de Monchique é de tão baixa qualidade, que os diamantes dela paridos ficariam ao alcance dos machos das classes honestas e trabalhadores que, com eles, apenas conseguiriam seduzir as fêmeas da sua classe.   Não vale a pena pois, desobstruir o esfíncter vulcânico, concluíram os investidores.   Uma boa notícia, já que o vulcão a funcionar não deixaria de perturbar o paradisíaco ambiente floresteucaliptal da romântica cidade.   2ª feira      UNIVERSIDADE DE LAGOS nem mestre/nem aluno   DOIS IMPULSOS TRANSESPAÇOTEMPO Desconhecendo haverem sido tridimensionais não poderiam saber da mesma paixão que os movera: um mandara construi...

  eremitas      eremitérios    alucinações   salgados berardos rendeiros são colecionadores de arte: (imperturbáveis arte e artistas).       5ª feira UNIVERSIDADE DE LAGOS nem mestre/nem aluno VULCÃO DE MONCHIQUE NÃO SERÁ REACTIVADO IMPORTANTE EMPRESA MUNDIAL DO COMÉRCIO DE DIAMANTES ASSIM O ASSEGURA   Desde ano e meio que complexas análises empregando a mais moderna tecnologia espacial têm revelado que os diamantes do adormecido vulcão de Monchique… 

POÇAS DE THEATRO descalce os sapatos   PESPORRÊNCIAS E EMBIRRAÇÕES NO REGISTO CIVIL    Gesticulares?     Gesticulares da Silva     e quer mudar para?  para o nome do meu avô que não tendo tido pais definidos passou a ser filho da rebêra tendo ela carinhosamente lhe dado nome   sabe o que era a rebêra      desculpe não sei        a rebêra era o Cais da Solaria em Lagos quando fervilhava de gente à chegada do pêxe      ah! a ribeira   o meu avô na  rebêra era admirado pela maestria com que atirava para o alto do cais construído por corsários de ilhas a norte para apoio à esquadra que dominava o mediterrâneo os cestos cheios do peixe do porão das enviadas e que eram apanhados com igual maestria por um outro pédescalço    houvera justiça e teriam ambos sido nomeados para os globos d’ouro      é então para ...

  UNIVERSIDADE DE LAGOS nem mestre/nem aluno     SEF DE PORTIMÃO INTERCEPTA   MARROQUINOS PRESSIONADORES DE FRONTEIRAS QUE SE DIRIGIAM PARA LAGOS   Não seria correcta a declaração prestada de que o seu objectivo eram os abacatais ibéricos. Tudo leva a crer que o seu alvo seria a Praia do Porto Mós, donde há um século partiram quatro lacobrigenses com destino a Marrocos, num bote construído por um deles, .   Tratar-se-ia pois, de um sentido e profundo gesto de homenagem.   José de Jesus Patacho   https://fototeca.cm-lagos.pt/gente-de-outros-tempos 5ª feira   POÇAS DE THEATRO descalce os sapatos  PESPORRÊNCIAS E EMBIRRAÇÕES NO REGISTO CIVIL   .

  eremitas      eremitérios    alucinações   PRESSÃO GERAL SOBRE AS FRONTEIRAS   que se repercute sobre as individuais de cada um de nós. 5ª feira   POÇAS DE THEATRO descalce os sapatos PESPORRÊNCIAS E EMBIRRAÇÕES NO REGISTO CIVIL

  eremitas      eremitérios    alucinações   NÃO SE PODE VIVER SEM MÚSICA   mais profunda é a parte sonora de uma peça de música mais prolongada é a sua permanência nos sentidos: podemos conceber a ideia de que um apreciador de música seja saciado por largo espaço do silêncio que representa o complemento indissociável da parte sonora: podemos conceber que a música seja a expressão do indizível e do inaudível: e que assim sendo que apreciadores haja que já prescindiram da parte sonora da música.   variação imagino sem forçar e com naturalidade apreciando-a e cultivando-a    a hipótese de melómanos haver que acedendo ao silêncio  nele ficaram não sentindo razão para regressar (à música).   NICHOLAS ANGELICH      https://www.youtube.com/watch?v=ZAkKTH-qNeU Ária Variações Goldberg JSBACH   5ª feira UNIVERSIDADE DE LAGOS nem mestre/nem aluno PESPORRÊNCIAS E EMBIRRAÇÕES NO REG...

POÇAS DE THEATRO descalce os sapatos   A INEVITABILIDADE DA  BANALIDADE    até uma outra ocasião     foi pena termos apenas trocado três frases      pelo contrário deve agradecer que assim fora      e porquê       não atingimos o momento em que inevitavelmente cairíamos em banalidade    acha       claro esgotadas todas  as certezas que cada um armazenou  para uso social  cai silêncio       ficam as dúvidas        é    elas e o silêncio   e do primeiro  que o interrompa sai-lhe a banalidade     acha então preferível que se evite a troca da palavras para lá do limite de segurança     acho e você  pensa ao contrário    não sei responder    condenados a não sabermos falar para além da nossa realidade temos que nos limitarmos a meia dúzi...

  POÇAS DE THEATRO descalce os sapatos CÍRCULOS SOCIAIS   abstraindo aqueles círculos sociais em que nunca teria hipótese de ser recebido imagino que se tenha negado aprender os rituais daqueles em que poderia tê-lo sido contentando-se por fim em perseguir dimensões hipotéticas    foi assim?       assim foi      conseguiu-o?    nunca estará ao meu alcance sabê-lo .     5ª feira  POÇAS DE THEATRO descalce os sapatos   BANALIDADES E SUA INEVITABILIDADE