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POÇAS DE THEATRO

                                                                            molhe os sapatos SIS ACÇÃO AUDACIOSA NO AEROPORTO DE FARO - Sou do SIS     as câmaras apanhando em fundo a publicidade ao Café Delta mostram-no a observar a multidão     sentado imóvel a esta mesa a sua conclusão de que ela é ridícula e sem lugar na dimensão eterna é susceptível de criar um inquietante e generalizado desânimo social      senhor escritor queira acompanhar-me. - (suspendeu o gesto de pegar no telefone completando-o depois com o coçar a protuberância sobre os olhos) O Senhor comandante permite-me que fale com o Dr. Cristiano Cerol?        

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molhe os sapatos SIS TORTURAS -Senhor escritor     não calcula a quantidade de chamadas dos mais proeminentes membros      dos mais diversos quadrantes da sociedade envolvente querendo saber informações sobre a destruição perpetrada por si que todos consideram     embora que de proporções mais modestas      um significativo embora que aposentado  membro… - Senhor comandante tenha dó de mim     já chega de tortura já chega o que me aconteceu nas bancas hortícolas e piscícolas do supermercado    com aqueles esgares sardónicos daqueles testiculares peniformes e vaginiformes monstros.

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                                                                           molhe os sapatos FÃS          - Senhor escritor como grande fã da sua obra quero um autógrafo e um beijinho.  - Aí tem      duma assentada acaba de nomear três das quatro razões pelas quais não publico em livro.

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                                                                           Molhe os sapatos                                                                            A SOPINHA  A CARNINHA A SALADINHA O PEIXINHO - Senhor escritor posso servir-lhe a sopinha? - Um momento senhor Ferreira     é só retirar a cabeça de dentro do prato onde estava a estruturar uma frase       e acabe-me por favor com essa paneleirice de tratar a comida por infantis diminutivos.

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                                                                              molhe os sapatos FALA GLOBAL FALA MATERNA FALA ETERNA - Qual será a fala da eternidade?  - Não havendo seres não haverá nem pensamento nem história     nem fala cuja origem é utilitária e unificadora     quando silenciosa a fala materna  é uma boa forma de aproximação à  indetectável eternidade.

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                                                                             molhe os sapatos FALA GLOBAL FALA MATERNA - Fala inglês?   - Acabadas as tarefas diárias sentou-se baixou a luz do candeeiro a petróleo puxou do cabelo um gancho e pôs-se a escarafunchar os buracos dos dentes       assim ficámos até ser hora de dormir       ser essa a minha fala nunca ter outra.

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molhe os sapatos EM TRANSPORTE PÚBLICO FARENSE - Adolo cidade de Falo      sel da china comunista dona da EDP      meu pai sel contla capital e bulguesia como seu glande compatliota Dulão Baloso      senhol sel filho de Falo? -Com toda a honra         e adorava aprofundar fala chinesa.

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POÇAS DE THEATRO                                                                            molhe os sapatos                                                                                              A MAGIA DA PALAVRA                                                       TRÊS VARIAÇÕES -Esqueça por momentos o seu incorruptível e intratável cepticismo e suponha-me possuidor de poderes especiais     diga-me duas palavras de efeito mágico que gostaria que eu lhe pronunciasse. -Compro-lhe tudo. -Sou Goldman Sachs e compro-lhe tudo      abra a porta. - E eu sou parvo!?       Como se Goldman Sachs falasse a minha língua! - Eu podia comprar-lhe tudo      mas devo avisá-lo que isso traria negativas repercussões para si em termos de eternidade.  -Compre metade.

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POÇAS DE THEATRO                                                                            molhe os sapatos                                                                                                                                           OS SEM E OS COM - Chegou com o crepúsculo e depois de comer a sandes que tirou do bolso fechou os olhos      já passaram todos os autocarros que havia para passar               é noite cerrada quero dormir e você com o cu no lugar em que ponho a cabeça. - Desculpe sou um com-abrigo. (ou: é noite cerrada e nunca mais tira esse cu donde e onde     quando quero dormir    pouso a cabeça).
POÇAS DE THEATRO                                                                            molhe os sapatos                                            TRÊS VARIAÇÕES SOBRE EU - Olhe bem para aquela pessoa que além espera o transporte colectivo       mesmo não sendo do mesmo sexo que eu e de um extracto social deplorável sou eu      não dá ares nenhuns        responderá você escarnecendo. - (distraído) Não dá ares nenhuns. - Olhe bem para aquela pessoa que além espera o transporte colectivo       mesmo não sendo do mesmo sexo que eu e de um extracto social deplorável e de uma cor diferente da minha sou eu      não dá ares nenhuns        responderá você escarnecendo. - (absorto) Hoje vindo para aqui cruzei-me com muitas pessoas que eram eu     e senti que elas sentiam o mesmo. - Daquelas duas pessoas de pé ao balcão aguardando o que encomendaram uma delas sou eu. - A intermitentemente visível ou a intermitentemente invisível? Passeio do
POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                                                        - Desgosta-me a coragem que me falta para dizer não às solicitações. - Oriundas do exterior ou de si próprio? ou inerentes ao próprio facto de existir    ou induzidas pela ânsia de Poder? A mim as que me confrangem são as nascidas de mim próprio.

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POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                                         COMO PASSAR AS MANHÃS - Passámos a manhã e a tudo que eu dizia você respondia está um tempo de chuva. - Está a chover. Passeio dos Poetas Mata de Barão de São João

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POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                           Para   Cristiano Cerol a quem agradeço ser interessado leitor - Cresci como nasci sem acesso ao inacessível diferente e sem me tornar um falso indiferente. - Por mim nunca conheci a maturidade fiquei estacionário na perplexa idade. Passeio dos Poetas Mata de Barão de São João

caravela

Imagem
Quase tudo só vontade,  matéria e homem.  Sobre a curva do céu  o mar, é chão;    a conspiração dos elementos...  Abriu-se caminho às estrelas  e à esperança.
POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                                                                    SAÚDE ORAL - Retardo o mais que posso a obturação de uma cárie pois gosto de escarafunchar nela    e quanto mais fundo vou escarafunchando maior é a sensação de plenitude de ir penetrando na minha alma    também sente o mesmo? - Obturei com sucesso os buracos da minha alma ao colocar uma dentadura postiça. Passeio dos Poetas Mata de Barão de São João
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LAGOS DESCONTENTE Alguns membros da AML terão entre si manifestado o seu descontentamento em virtude do citado órgão não ter sido referido quando sugeri que fosse assinalada a passagem do escritor Luiz Pacheco por Lagos ( ver CÂMARA DE LAGOS ABSORTA    neste blog) E COM TODA A RAZÃO Reconheço que, como a maioria da população, me esqueci da importância do órgão deliberativo da democracia local. O meu pedido de desculpas. VEJAM AS SENHORAS E SENHORES MEMBROS DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LAGOS o quão importante para Lagos seria se a proposta que apresentei fosse considerada. António Cândido Franco, docente na universidade de Évora, parece ser atraído por certas figuras que ficam no imaginário colectivo. Autor que é de importantes trabalhos sobre D. Sebastião, Inês de Castro, Florbela Espanca, e da sua espantosa biografia de Agostinho da Silva, está agora a braços com essa tão singular quanto incontornável figura das letras portuguesas que é L
POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                     REFUGIADOS - Senhor Comandante eles estão a montar tendas no relvado      vá para lá imediatamente evacuar aquilo que amanhã é a final da champions. - Senhor Ministro estou sem pessoal     os meus homens ainda não conseguiram evacuar os supermercados       estão a ser recebidos como se fossem voluntários da assistência humanitária     a única solução que vejo é o emprego de meios aéreos     terminado escuto.          Passeio dos Poetas Mata de Barão de São João

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POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos       JÚLIO DANTAS NASCEU NA BIBLIOTECA JÚLIO DANTAS                                            (GABINETE DIRECÇÃO) - A eminente especialista em línguas que sou não consegue reconhecer essa       nesse gutenberguiano objecto         e constato que ainda não passou da primeira página tendo entretanto passado toda a manhã       o que me leva a reparar que tenho de me ir embora       reconheço-o      é Apeles Espanca um dos mais assíduos usufruidores da biblioteca Júlio Dantas em Lagos. - Afirmativo para todas as observações      se não passei da primeira página é porque me concentro apenas na primeira letra sem qualquer semelhança com qualqueroutra existente    assim liberto do seu significado passo a atribuir-lhe a ela e à estória no seu todo      toda uma significação que vou eu próprio criando     dir-me-à que à maneira de Allan Poe estou escrevendo um livro dentro de um livro    dir-lhe-ei que dentro desta letra  há a cada vez um fil

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POÇAS DE THEATRO                                      molhe os sapatos                                 ENVELHECER EM CASAL   - De costas para mim com esse ar frejucante que estás tu a frejucar. - Hamburgueres! E não venhas meter o nariz desfazendo no que faço como tem sido teu hábito toda a vida. Frejucar-  fritar; fazer coisas em segredo. (Alto-Douro) Passeio dos Poetas   Mata de Barão de São João

CÂMARA MUNICIPAL DE LAGOS ABSORTA

COM SUGESTÃO DE ESCRITOR BARANENSE (de Barão de São João) Venho sugerir que a digníssima autarquia coloque nas escadas de acesso ao piso superior do Mercado Municipal (obra do considerado arquitecto baranense Mário Martins a quem a prestigiada revista ArchiNews dedica o seu nº32), ao lado do dedicado à poetisa Sophia Andersen, um outro painel evocativo com os seguintes dizeres: Ao escritor Luiz Pacheco que numa das suas estadias em Lagos neste mercado adquiriu uma galinha que alimentou quer em milho quer em grande afeição. Baseia-se esta minha sugestão no facto de que a imagem do Escritor Maldito não para de crescer na memória colectiva, como o exemplo de um cidadão que levou ao extremo a sua entrega à nobre função do trabalho que praticava, nunca se tendo deixado enlamear pela corrupção. Com esta visionária iniciativa poderá a Câmara recolher os louros de ter sido a primeira a homenagear o singular escritor, ainda antes da Câmara de Braga que, não demorará muito, virá v