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POÇAS DE THEATRO                                                                            molhe os sapatos                                            TRÊS VARIAÇÕES SOBRE EU - Olhe bem para aquela pessoa que além espera o transporte colectivo       mesmo não sendo do mesmo sexo que eu e de um extracto social deplorável sou eu      não dá ares nenhuns        responderá você escarnecendo. - (distraído) Não dá ares nenhuns. - Olhe bem para aquela pessoa que além espera o transporte colectivo       mesmo não sendo do mesmo sexo que eu e de um extracto social deplorável e de uma cor diferente da minha sou eu      não dá ares nenhuns        responderá você escarnecendo. - (absorto) Hoje vindo para aqui cruzei-me com muitas pessoas que eram eu     e senti que elas sentiam o mesmo. - Daquelas duas pessoas de pé ao balcão aguardando o que encomendaram uma delas sou eu. - A intermitentemente visível ou a intermitentemente invisível? Passeio do
POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                                                        - Desgosta-me a coragem que me falta para dizer não às solicitações. - Oriundas do exterior ou de si próprio? ou inerentes ao próprio facto de existir    ou induzidas pela ânsia de Poder? A mim as que me confrangem são as nascidas de mim próprio.

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POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                                         COMO PASSAR AS MANHÃS - Passámos a manhã e a tudo que eu dizia você respondia está um tempo de chuva. - Está a chover. Passeio dos Poetas Mata de Barão de São João

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POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                           Para   Cristiano Cerol a quem agradeço ser interessado leitor - Cresci como nasci sem acesso ao inacessível diferente e sem me tornar um falso indiferente. - Por mim nunca conheci a maturidade fiquei estacionário na perplexa idade. Passeio dos Poetas Mata de Barão de São João

caravela

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Quase tudo só vontade,  matéria e homem.  Sobre a curva do céu  o mar, é chão;    a conspiração dos elementos...  Abriu-se caminho às estrelas  e à esperança.
POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                                                                    SAÚDE ORAL - Retardo o mais que posso a obturação de uma cárie pois gosto de escarafunchar nela    e quanto mais fundo vou escarafunchando maior é a sensação de plenitude de ir penetrando na minha alma    também sente o mesmo? - Obturei com sucesso os buracos da minha alma ao colocar uma dentadura postiça. Passeio dos Poetas Mata de Barão de São João
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LAGOS DESCONTENTE Alguns membros da AML terão entre si manifestado o seu descontentamento em virtude do citado órgão não ter sido referido quando sugeri que fosse assinalada a passagem do escritor Luiz Pacheco por Lagos ( ver CÂMARA DE LAGOS ABSORTA    neste blog) E COM TODA A RAZÃO Reconheço que, como a maioria da população, me esqueci da importância do órgão deliberativo da democracia local. O meu pedido de desculpas. VEJAM AS SENHORAS E SENHORES MEMBROS DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LAGOS o quão importante para Lagos seria se a proposta que apresentei fosse considerada. António Cândido Franco, docente na universidade de Évora, parece ser atraído por certas figuras que ficam no imaginário colectivo. Autor que é de importantes trabalhos sobre D. Sebastião, Inês de Castro, Florbela Espanca, e da sua espantosa biografia de Agostinho da Silva, está agora a braços com essa tão singular quanto incontornável figura das letras portuguesas que é L
POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                     REFUGIADOS - Senhor Comandante eles estão a montar tendas no relvado      vá para lá imediatamente evacuar aquilo que amanhã é a final da champions. - Senhor Ministro estou sem pessoal     os meus homens ainda não conseguiram evacuar os supermercados       estão a ser recebidos como se fossem voluntários da assistência humanitária     a única solução que vejo é o emprego de meios aéreos     terminado escuto.          Passeio dos Poetas Mata de Barão de São João

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POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos       JÚLIO DANTAS NASCEU NA BIBLIOTECA JÚLIO DANTAS                                            (GABINETE DIRECÇÃO) - A eminente especialista em línguas que sou não consegue reconhecer essa       nesse gutenberguiano objecto         e constato que ainda não passou da primeira página tendo entretanto passado toda a manhã       o que me leva a reparar que tenho de me ir embora       reconheço-o      é Apeles Espanca um dos mais assíduos usufruidores da biblioteca Júlio Dantas em Lagos. - Afirmativo para todas as observações      se não passei da primeira página é porque me concentro apenas na primeira letra sem qualquer semelhança com qualqueroutra existente    assim liberto do seu significado passo a atribuir-lhe a ela e à estória no seu todo      toda uma significação que vou eu próprio criando     dir-me-à que à maneira de Allan Poe estou escrevendo um livro dentro de um livro    dir-lhe-ei que dentro desta letra  há a cada vez um fil

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POÇAS DE THEATRO                                      molhe os sapatos                                 ENVELHECER EM CASAL   - De costas para mim com esse ar frejucante que estás tu a frejucar. - Hamburgueres! E não venhas meter o nariz desfazendo no que faço como tem sido teu hábito toda a vida. Frejucar-  fritar; fazer coisas em segredo. (Alto-Douro) Passeio dos Poetas   Mata de Barão de São João

CÂMARA MUNICIPAL DE LAGOS ABSORTA

COM SUGESTÃO DE ESCRITOR BARANENSE (de Barão de São João) Venho sugerir que a digníssima autarquia coloque nas escadas de acesso ao piso superior do Mercado Municipal (obra do considerado arquitecto baranense Mário Martins a quem a prestigiada revista ArchiNews dedica o seu nº32), ao lado do dedicado à poetisa Sophia Andersen, um outro painel evocativo com os seguintes dizeres: Ao escritor Luiz Pacheco que numa das suas estadias em Lagos neste mercado adquiriu uma galinha que alimentou quer em milho quer em grande afeição. Baseia-se esta minha sugestão no facto de que a imagem do Escritor Maldito não para de crescer na memória colectiva, como o exemplo de um cidadão que levou ao extremo a sua entrega à nobre função do trabalho que praticava, nunca se tendo deixado enlamear pela corrupção. Com esta visionária iniciativa poderá a Câmara recolher os louros de ter sido a primeira a homenagear o singular escritor, ainda antes da Câmara de Braga que, não demorará muito, virá v

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POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                                                  PASSAM AS TARDES - A tarde passou-se e passei-a na atitude napoleónica da mão dentro da camisa procurando alcançar com o indicador      como toda a vida fiz mas desta vez sem o conseguir     um pequeno sinal de nascença          e você?                não tem sinais de nascença? - Fiquei tentando tactear uma sensação igualmente inacessível       presente antes da nascença e em tudo semelhante à fenecência      termo de sugestão floral como o vinho na degustação.      Passeio dos Poetas Mata de Barão de São João

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POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                               CÍRCULOS                                                 Manuel Francisco da Luz – As casas que habitávamos ficavam equidistantes em relação à porta da Escola Industrial e Comercial de Lagos que frequentámos. A minha dava para a Praça de Armas. Quando fui para Faro dei-me com um grupo que praticava a escrita, editavam Farol em folhas poli-copiadas. Falei-lhes em ti e passaste a colaborar. Deodato Inácio dos Santos- A minha era a descida oposta da mesma rua e da única janela que para ela dava e ainda lá está (as outras cinco dão para o os três baluartes donde contemplava a baía), via passar a carreira de Sagres. Pois é, estiveste com as minhas iniciais tentativas literárias e agora é o teu sobrinho que neste espaço, por mero acaso (nem nos conhecíamos) está com as últimas. Outra curiosidade: tem ele o mesmo nome, sem tirar nem pôr uma só letra, que tinha o meu irmão mais velho.

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POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                         O SEGREDO ESTÁ NO ENGODO -Vão ser famosos vou pô-los no facebook      nunca vi um peixe assim    conte-me como o apanhou?  - Estando a Bela Adormecida profundamente adormecida      de tal maneira profundamente adormecida que nem deu por mim quando cerimonialmente a libertei dos seus vestais paramentos      peguei-lhe pelos delicados tornozelos e arrastei-a para dentro de água      apartei-lhe os membros inferiores de aveludado ébano      à tépida enseada assim formada acorreu o peixe      letárgico foi só apanhá-lo à mão.
POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                                                    JOGOS DE AZAR  - O melhor que consegui ter na vida como pára-vento foi equilibrando uma a uma cartas de jogar. - Eu equilibrando palavras. variações 1 - O castelo onde me escondo é de cartas. - O meu é de palavras. 2 - Também é de cartas o meu parapeito      e o seu? de palavras? - As minhas palavras não param     não aparam    não amparam o meu   peito. esotéricos defendem que qualquer de nós esteve estará ou está em J.S.Bach no momento em que compõe Variações Goldberg.     cépticos negam que a obra humana alguma vez exista no infinito em cujo ambiente não é propício o desenvolvimento do fungo da consciência. Facebook - Obriga-nos desse modo a concluir que JSBach esteve em si quando escreveu estas suas variações. O Autor    -Não me assusta com essa conclusão. Esteve está ou estará. Facebook - E sentiu a sua presença? O A
POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                      ENVELHECER EM CASAL                                          - Estou de olhos fechados mas ouvi o que dizias     compreendi e concordo não precisas repetir     quantas vezes não digo isto e mesmo assim ela repete sempre                   acha uma frase e é vezes sem conto ao longo do dia     eu não disse? - Proporcionalmente à eternidade a existência destes objectos pedregosos com inúmeras formas de vida a eles agarrados são um relâmpago     neste instante já não existem     e se não existem nunca existiram.

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POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                           OLHANDO E ANDANDO - Conocer ou Saber qual será mais importante. - Não sei. Só sei olhar, para baixo para cima para a frente para trás para os lados. Não sei se compreendo alguma coisa e se há alguma coisa para compreender, olho só porque gosto de olhar. (Conocer- antiga forma de conhecer).

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POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                                                É DO SEU NOME QUE NÃO ME LEMBRO - Tenho a certeza que já nos encontrámos múltiplas vezes e é tão vivaz a memória que conservo desses encontros que, uma honesta – como seria de norma nesta praia de nudismo depilado –  e discreta  intumescência se manifesta. Só  não recordo  seu  nome . - Vulgaríssimo, Morte.

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                                                    POÇAS DE THEATRO molhe os sapatos                                                          NO SUPERMERCADO - Pontapeio-te pedagogicamente velho cu porque obstruis o meu acesso prioritário  (existo: logo prioritário) à prateleira dos enlatados. - (revolta surpresa felicidade) Tu quoque fili? ( em latim degenerado: tu também filho meu )