Dos amigos nem sabemos quando andamos contentes.    Ou talvez nem seja tanto.    É de certo exagero.    Eles estão lá sempre, na fila do fundo, aplaudindo,    rindo e chorando pelos nossos triunfos.    Mas dos amigos sabemos mesmo, naqueles momentos.    Quando a vida fica só túnel escuro,    quando julgamos que não vai haver mais luzinha ao fundo.    É nos dias de se ficar, assim,    sozinho ainda que rodeado,    é nesses dias que aparece aquele amigo.    Esse que não víamos há muito.    Esse que nem escrevia pelo natal ou anos.    E nem vem de flores na mão,    nem vem cantando ditos e conselhos.     Chega, e fica ali mais que discreto.    E se não ficamos curados de doença,    e nem cresce a conta que temos no banco,    e nem ele nos tira o pai da forca,    fica-nos, sim, a vida mais leve.    Ele vem e acaricia, e cuida, e trata tudo o que nos seja mal de alma.