Escolas em Lagos

A par da Escola Gil Eanes, antiga Vitorino Damásio (transferida para Lagos em 1905), as escolas primárias construídas a partir dos anos 30 do século XX, hoje requalificadas umas e encerradas outras, são testemunho do esforço republicano com a universalização da instrução pública no nosso país. Diligência que envolveu também as edificações escolares realizadas durante a monarquia, como é o caso das escolas que constituíram o legado do Conde de Ferreira e que, juntamente com as escolas particulares reservadas às famílias com suficiente desafogo económico para suportar o seu custo, teceram a malha da instrução pública em Portugal durante largas décadas da nossa história.
As escolas de Lagos referenciadas no Anuário Comercial de 1917 são, no caso das oficiais, as primárias de S. Sebastião (raparigas) e Santa Maria (rapazes), e a escola de Desenho Industrial Victorino Damásio dirigida então por João de Mello Falcão Trigoso; e no caso das escolas particulares, as de: Arminda Sant’Anna; Carolina Bolêa; Francisca Franco; Joaquim Alberto Taquelim; Maria dos Martyres Coelho; e para os filhos dos operários associados, a escola do professor Luís Grainho. Existia ainda uma escola mista tutelada pela professora Maria Amélia da Conceição Mattos Paletti. Nestas escolas se aprendia as primeiras letras pela Cartilha Maternal de João de Deus e a leitura pelo método silabado de António Feliciano Castilho, e se prosseguia na instrução dos jovens preparando-os para os exames do liceu e a eventual continuação dos estudos, então, fora da sua terra natal.
Resultante do legado financeiro deixado em herança por Joaquim Ferreira dos Santos – conhecido como Conde de Ferreira –, no valor de 144.000$000 réis (144 milhões de réis ou 144 mil escudos, ou 570€ em moeda actual), para construção de 120 escolas implicando o subsídio do Estado no valor de 10.000$000 réis, e de cada municipalidade interessada numa dessas casas escolares, em valor não inferior a 400$000 réis, a escola da Praça d’Armas funcionou até aos primeiros anos da década de 70 do século vinte, e muitos lacobrigenses se lembrarão dela e dos professores que ali lhes deram aulas. O edifício, hoje sede da Filarmónica Lacobrigense 1º de Maio, é um exemplar da arquitectura civil educativa, revivalista, de planta longitudinal rectangular e fachada principal de pano único, terminada em platibanda de cantaria possuindo ao centro uma sineira coroada por um frontão triangular.
Depois dessa realização dos tempos da monarquia e dos planos do Estado Novo (Plano dos Centenários e Novo Plano), executados entre 1930 e 1970 assiste-se, na actualidade, a um novo pináculo na dinâmica da reestruturação do parque escolar nacional que em Lagos se consubstanciou na ampliação ou edificação de novas escolas, do 1º Ciclo (Ameijeira, Santa Maria, Bairro Operário, Chinicato, Odiáxere, Bensafrim e P3), e do 2º Ciclo e Secundário (Naus, nova Gil Eanes, Tecnopólis e, em breve, Júlio Dantas e EB 2/3 Nº1).


Sala de aulas em 1939, na escola particular “A Pátria”, do professor Joaquim Alberto Taquelim, situada na Rua Conselheiro Joaquim Machado. Foto do arquivo de José Paula Borba.

Comentários

vieira calado disse…
Estranho...

Não será 49?

Poucos anos antes de 1949,

quando lá andei,

era só para moços...
francisco disse…
No verso da foto a caligrafia indica 39. Mas poderá estar errada (?!)
vieira calado disse…
Vou pedir explicações ao amigo Borba...
francisco disse…
É 1939. Quanto ao facto de se verem os dois géneros na sala de aula, é apenas arranjo para a Fotografia.
francisco disse…
«o número de analfabetos em termos absolutos aumentou 100 mil entre 1910 e 1930» belo efeito, o das escolas da República.

daqui: http://31daarmada.blogs.sapo.pt/4476221.html

Mensagens populares deste blogue

Deodato Santos - Artista? Figurinista? Escultor?

Chamou-lhe um Figo