CONCORRÊNCIA
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A fotografia deve ser do final dos anos 40, ou princípio dos anos 50.
A personagem central da cena, chicote em punho para incitar a mula ao seu trabalho de tracção, é um comerciante de mercearia, o Lôpo Mocho.
Além da mercearia e dum bom vinho que fabricava, ficou conhecido, nesses tempos, pela sua pertinaz loucura. Várias vezes foi levado para o Júlio de Matos, em camisa de forças.
Quando eu era miúdo de escola primária, à do Taquelim, assisti a um desses acessos de loucura. Nesse dia, o homem saíra de casa com a intenção de combater a concorrência que lhe faziam os outros merceeiros da zona.
Vinha eu da escola, quando ele entrou à do Baldomiro Cintra. Pediu duzentas cinquenta de rabçados (era assim que se dizia…) de Santo Onofre e, assim que foi despachado, atirou com a balança ao chão, empurrando-a para dentro do balcão e inutilizando-a – pelos menos por uns tempos.
Ainda soava o estardalhaço de vidros partidos, veio à rua e jogou os rabçados à rabanhita, para a moçada que esperava na rua, certos do que iria acontecer, depois de terem assistido a idênticas cenas à do Romeu Cintra e à do Pereira.
Escusado será dizer que a façanha lhe custou – pelo menos... –, mais uma estadia na capital do Reino…
Comentários
BOAS SUAS LEMBRANÇAS,HISTORIA E MEMORIA DE UM TEMPO.BJS
Boa lembradura.
Abracos
Todos nós temos momentos de loucura, mas há uns que têm mais vezes do que outros.
Abraço.
Forte abraço