o centro - A cidade
carece de alma a minha cidade
prostitui-se
deu o centro do seu corpo por uns trocos
nem sequer ao homem da merceeiria
nem sequer ao carteiro
nem ao homem do talho ou ao padeiro
a esses, como até mesmo ao homem do supermercado
a minha cidade escorraçou para longe
afastou do seu centro os mais fervorosos
os devotados amantes,
ela perdeu-os todos
escorraçou-os
vendeu-se por uns trocos
engalanou janelas, pintou entradas
mas morreu por dentro
já não se senta na soleira conversando
já não assoma em janela em noite de levante
a minha cidade tranca-se com medo de assaltante
não tem criança correndo acima e abaixo
não tem criança no seu coração a minha cidade
e não tem riso que não seja de garrafa
pela noite dentro, nas soleiras das portas
nos peitoris das janelas encerradas
na calçada de pedrinhas, renovada
apenas garrafas abandonadas e ruídos
cacofonias de palavras sem falas
embebeda-se por um nada esta cidade
não tem vivalma
não tem gente que ao passar a conte
que a envie a outros num sorriso: viva! boa noite!
carece de alma a minha cidade
morre de si mesma por uns míseros trocos
prostitui-se
deu o centro do seu corpo por uns trocos
nem sequer ao homem da merceeiria
nem sequer ao carteiro
nem ao homem do talho ou ao padeiro
a esses, como até mesmo ao homem do supermercado
a minha cidade escorraçou para longe
afastou do seu centro os mais fervorosos
os devotados amantes,
ela perdeu-os todos
escorraçou-os
vendeu-se por uns trocos
engalanou janelas, pintou entradas
mas morreu por dentro
já não se senta na soleira conversando
já não assoma em janela em noite de levante
a minha cidade tranca-se com medo de assaltante
não tem criança correndo acima e abaixo
não tem criança no seu coração a minha cidade
e não tem riso que não seja de garrafa
pela noite dentro, nas soleiras das portas
nos peitoris das janelas encerradas
na calçada de pedrinhas, renovada
apenas garrafas abandonadas e ruídos
cacofonias de palavras sem falas
embebeda-se por um nada esta cidade
não tem vivalma
não tem gente que ao passar a conte
que a envie a outros num sorriso: viva! boa noite!
carece de alma a minha cidade
morre de si mesma por uns míseros trocos
Comentários
Bom domingo amigo.\0/.
perdoe, mas poraqui há gente variada, viu?!
volte sempre e lhe envio meu cumprimento por ter gostado
Beijo e bom fim de semana.
Muito bem "pintadas", as noites da Agosto.
Um lamento!
Um bem-querer…
Soidade do ontem?
Um hoje a fender…